A historiografia da Educação Física brasileira, desde os anos 80 do século XX, tem marcado sua produção acadêmica a partir de diferentes correntes epistemológicas introduzindo marcos teóricos, objetos e fontes que se afastaram da aceitação dos registros oficiais como os únicos, ou talvez, os mais aceitos como possíveis de narrar um tempo já transcorrido.Dentre as inúmeras fontes trazidas do esquecimento algumas ainda parecem estar a descoberto, como por exemplo, a memória do movimento discente cuja ação política influenciou a estruturação e consolidação deste campo acadêmico-profissional. Nessa direção destacam-se as pesquisas de Melo (1997) e Castelani Filho (1998), acerca da mobilização dos estudantes da Escola Nacional de Educação Física e Desporto (Rio de Janeiro) e a de Bushatsky (2004) sobre o Centro Acadêmico Ruy Barbosa da Universidade de São Paulo. Além destes trabalhos, identificamos alguns textos escritos por autores vinculados ao Movimento Estudantil de Educação Física MEEF) 1 , os quais foram veiculados em publicações organizadas pelo próprio Movimento cujo objetivo era narrar sua própria história (FERREIRA, 1995; PEREIRA, s/d). Da análise desse material percebemos que muito do que é narrado refere-se, quase que 1 Utilizaremos o termo Movimento Estudantil de Educação Física (com letras maiúsculas) e a sigla MEEF quando nos referirmos a este movimento em termos gerais, embora possa ser anacrônica sua utilização para o período estudado, devido ao peso do valor identitário que ele possui para os seus militantes.