Durante a ditadura militar, uma das correntes político-culturais que contestaram o regime e os valores dominantes da sociedade brasileira foi a chamada contracultura. No imaginário anticomunista, era vista como uma artimanha criada pelo comunismo soviético, cuja finalidade seria corromper a juventude, destruir valores e instituições basilares da sociedade ocidental. Nesse sentido, alguns setores responsáveis pela repressão imbuíram-se do combate a certas práticas da contracultura. Este trabalho analisa a relação entre a repressão a práticas contraculturais e o imaginário anticomunista.
Resumo O Festival de Inverno de Ouro Preto, criado em 1967, foi uma das maiores promoções culturais do país na década de 1970. O evento oferecia uma diversidade de atividades, como cursos, concertos, exposições de arte e espetáculos teatrais, atraindo milhares de pessoas à cidade histórica. Em plena ditadura militar, era visto como espaço de liberdade de criação e experimentação artística, mantendo diálogo intenso com as propostas estéticas de vanguarda. No campo das artes cênicas, grupos como Corpo, Giramundo e Oficcina Multimédia tiveram gênese ligada ao evento. Temos como objetivo analisar o Festival de Inverno, entre 1967 e 1979, enquanto espaço de trocas culturais e de experimentações estéticas que possibilitaram a criação cênica para além das fronteiras disciplinares. Discutiremos também as ambiguidades e contradições do evento em relação às diferentes políticas do governo ditatorial, que ao mesmo tempo fomentava e reprimia a cultura.
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