<b>Programa para ensino de comportamentos de autocuidados, cognitivos e sociais para jovem com necessidades especiais</b><br>DOI:10.5007/1807-0221.2010v7n10p9

Abstract

Apesar das Políticas de reforma na Educação, ainda há dificuldades em garantir aos alunos com deficiência sua aprendizagem efetiva devido à estrutura do sistema educacional que não proporciona condições apropriadas para capacitar profissionais a promoverem aprendizagens aos mesmos. Uma das principais decorrências é a manutenção da estigmatização da dificuldade de aprender apresentada pelos alunos. A intervenção realizada no período de Março a Dezembro de 2008 foi destinada a uma jovem com necessidades especiais, com objetivo de ensinar-lhe os comportamentos básicos para a aquisição da leitura por meio da aplicação de um programa de ensino desenvolvido a partir da caracterização do seu repertório comportamental inicial. O programa foi construído a partir do software Mestre (Goyos e Almeida, 1994), constituído por procedimento de escolha segundo modelo. Foram elaborados exercícios que proporcionaram relações de equivalência entre estímulos sonoros e figuras, e relações de controle da resposta de nomear por ambos os estímulos, pré-requisitos para desenvolver o "comportamento objetivo". Os resultados possibilitam demonstrar que, dentre um conjunto de 30 figuras, a resposta "nomear" sob controle das figuras foi assegurada em relação a 15 figuras, parcialmente em 9 e insuficientemente em 6. Outras respostas também foram adquiridas: "solicitar ajuda", "inventar palavras", "recombinar sílabas" e "corrigir-se", que substituíram comportamentos que usualmente apresentava para fugir ou esquivar de atividades escolares e que são importantes para a aquisição da leitura e demais aprendizagens. Além do desempenho obtido, a própria execução, permanência e atenção nas atividades denotam mudanças que auxiliam no desenvolvimento de seu repertório acadêmico.

Programação de Condições para Desenvolvimento de Comportamentos: Caracterização da produção científica brasileira de 1998-2017

“…Por sua vez, o conceito de "programação de ensino" é apresentado de diferentes formas nos estudos analisados, ora sendo referido como (a) um processo comportamental -de programar condições de ensino -constituído por uma série de comportamentos envolvendo desde caracterizar necessidades de aprendizagem, até construir, aplicar e avaliar programas de ensino (e.g., Botomé, 1981;Kubo & Botomé, 2001;Kienen et al, 2013); ora como (b) uma tecnologia de ensino, deriva-da do conhecimento da Análise Experimental do Comportamento (e.g., Lorena & Cortegoso, 2008;Carvalho et al, 2014;Kienen et al, 2013;Lorenzo et al, 2010). Desde sua gênese, a programação de ensino, neste trabalho também denominada PCDC, tem sido compreendida como um processo comportamental que envolve não apenas o comportamento do aprendiz (e o que se pretende ensinar a ele!…”

“…Na sequência, o conceito de "programação de ensino" foi definido em oito estudos (38%) e apresentado basicamente de duas formas: (a) como um processo comportamental complexo, que envolve programar condições para a produção de aprendizagens e que é constituído por diversos outros comportamentos menos complexos (e.g., propor os comportamentos-objetivo, construir, aplicar e avaliar um programa de aprendizagem para desenvolver esses comportamentos-objetivo etc. ), (Botomé, 2006;Kubo & Botomé, 2001;Kienen et al, 2013); (b) como uma tecnologia de ensino que "envolve di-versas etapas e procedimentos (...)" (Kienen et al, 2017), derivada do conhecimento da Análise Experimental do Comportamento (Lorena & Cortegoso, 2008;Carvalho, Silva, Kienen, & Melo, 2014;Bordignon-Luiz & Botomé, 2017;Lorenzo et al, 2010). Já os conceitos de "ensinar" e "aprender" foram definidos em sete estudos (33,3%) e ambos foram concebidos como comportamentos, sendo o ensi-nar compreendido como um arranjo de contingências sob as quais os alunos aprendem (Bordignon- Luiz & Botomé, 2017;Carvalho et al, 2014;Lorena & Cortegoso, 2008;Lorenzo et al, 2010;Kubo & Botomé, 2001;Santos et al, 2009 ) e o aprender como mudança de comportamento decorrente das condições planejadas pelo professor (Kubo & Botomé, 2001;Lorena & Cortegoso, 2008;Lorenzo et al, 2010;Onzi & Botomé, 2005).…”

“…Comportamento 12 (57,1%) Bordignon- Luiz & Botomé 2017;Carvalho et al, 2014;Kienen et al, 2013;Kienen et al, 2017;Kubo & Botomé, 2001;Lorena & Cortegoso, 2008;Lorenzo et al, 2010;Onzi & Botomé, 2003Nascimento & Gusso, 2017;Santos et al, 2009;Souza & Kubo, 2010. Programação de ensino 8 (38%) Bordignon- Luiz & Botomé, 2017;Botomé, 2006;Carvalho et al, 2014;Vettorazzi et al, 2005;Kienen et al, 2017;Kienen et al, 2013;Lorena & Cortegoso, 2008;Lorenzo et al, 2010. Ensinar (ensino) 7 (33,3%) Bordignon- Luiz & Botomé 2017;Carvalho et al, 2014;Lorena & Cortegoso, 2008;Lorenzo et al, 2010;Kienen et al, 2013;Kubo & Botomé, 2001;Santos et al, 2009. Aprender (aprendizado) 7 (33,3%) Bordignon- Luiz & Botomé 2017;Lorena & Cortegoso, 2008;Lorenzo et al, 2010;Onzi & Botomé, 2003Kienen et al, 2013;Kubo & Botomé, 2001.…”

“…No que diz respeito ao conceito de "comportamento-objetivo", esse foi definido em cinco estudos (23,8%) os quais, em geral, fizeram referência sobre esse ser um comportamento que o aluno precisa aprender (Kubo & Botomé, 2001;Kienen et al, 2013;Lorenzo et al, 2010). Já no artigo de Bordignon-Luiz e Botomé (2017), esse conceito é definido de forma mais precisa, uma vez que indica que o comportamento-objetivo visa"(...) ressaltar a diferença entre simplesmente dar forma 'comportamental' a qualquer expressão com o acréscimo de um verbo a um complemento caracterizando--a como um "objetivo-comportamental".…”

“…Melhora de desempenho em comportamentos-objetivo na situação de ensino 15 (100%)* Agassi, 2013;Carvalho, 2015;Coser, 2009;Lorena & Cortegoso, 2008;De Luca, 2013;Frisanco, 2001;Gonçalves, 2015, Gurgueira & Cortegoso, 2008Gusso, 2013;Lorenzo, Kawasaki, & Kubo, 2010;Médici, 2016;Kawasaki, 2013;Teixeira, 2010;Vettorazzi et al, 2005).…”