Resumo
IntroduçãoO material que neste momento torno público tem por objetivo traçar algumas considerações teóricas, conceituais e políticas sobre a temática cuidadores de idosos. Foi escrito sob a ótica da enfermeira sanitarista que trabalha com idosos e compreende que este tema não tem apenas a dimensão privada, ele também é uma questão pública, foco de políticas públicas, portanto requer respostas imediatas às demandas individuais e sociais postas no que tange ao cuidado prestado aos idosos, fundamentalmente àqueles dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS) -por opção e/ou por necessidade.O texto está estruturado em quatro tópicos. No primeiro discuto com brevidade as interfaces das áreas temáticas Envelhecimento e Saúde com vistas a situar o campo teórico onde localiza-se o tema proposto. No segundo apresento o SUS como cenário da discussão sobre a questão do cuidador de idosos. No terceiro destaco alguns paradigmas referentes ao cuidado enquanto uma atitude humana e trago para a discussão a figura do cuidador de idosos. Finalmente no quarto procuro associar os conceitos discutidos à guisa de efetuar as considerações finais.
Envelhecimento e Saúde: um convite à reflexão.O envelhecimento é um processo complexo, pluridimensional, revestido não apenas por perdas mas também por aquisições individuais e coletivas, fenômenos inseparáveis e simultâneos. Por mais que o ato de envelhecer seja individual, o ser humano vive na esfera coletiva e como tal, sofre as influências da sociedade. A vida não é só biológica, ela é social e culturalmente construída, portanto pode-se dizer que os estágios da vida apresentam diferentes significados e duração. Entendo que o envelhecimento é um fenômeno natural e processual, compreendido como o processo de vida, ou seja, envelhecemos porque vivemos, muitas vezes sem nos darmos conta disto. O processo de envelhecimento contém, pois, a fase da velhice mas não se esgota nela. A qualidade de vida e, consequentemente, a qualidade do envelhecimento relacionamse com a visão de mundo (mentalidade) do indivíduo e da sociedade em que ele está inserido, bem como com o "estilo de vida" conferido a cada ser e é nesse contexto que busco compreender o processo de envelhecimento e sua relação com a saúde individual e coletiva (1) e consequentemente com o cuidado enquanto uma atitude para a manutenção da vida.Buscando situar a Saúde enquanto campo teórico optei pela utilização do referencial de Canguilhem, que propõe que em se tratando de defini-la é necessário partir da dimensão do ser, pois é neste contexto que ocorrem as definições do que é normal ou patológico. O que é considerado normal em um indivíduo pode não ser para outro; não há rigidez nesse processo, "a fronteira entre o normal e o patológico é imprecisa para diferentes indivíduos considerados simultaneamente, mas é perfeitamente precisa para um único e mesmo indivíduo considerado sucessivamente" (2:145) . Assim podemos ir deduzindo que o ser humano precisa se auto conhecer, necessita saber avaliar as transformações que o seu corpo sofr...