Imprensa Feminista No Contexto Das Lutas Das Mulheres: Ativismo Midiático, Cidadania E Novas Formas De Resistência

Abstract

Entender a mídia alternativa produzida pelo movimento feminista como um espaço de construção de discursos contra-hegemônicos e de identidades de resistência. Essa é a proposta do presente artigo, que parte de uma reflexão sobre os usos e as apropriações da comunicação no feminismo para demarcar alguns limites e contribuições da mídia nas disputas políticas travadas pelo movimento a partir dos anos 1990. Tendo como objeto quatro publicações periódicas editadas por organizações feministas no Brasil – os jornais Fêmea, do Centro Feminista de Estudos e Assessoria; Fazendo Gênero, do grupo Transas do Corpo; Jornal da Rede, da Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos; e Folha Feminista, da Sempreviva Organização Feminista –, busca-se observar as orientações editoriais que marcam o discurso da mídia alternativa, bem como identificar temas, fontes, formatos e características presentes na imprensa feminista. No trabalho, são enfocadas as lutas que pautam a mídia feminista e as estratégias de comunicação que integram as ações do movimento, projetando identidades políticas e tematizando a cidadania feminina.

Vozes femininas silenciadas: o jornalismo literário de Svetlana Aleksiévitch como resistência à espiral do silêncio produzida pelo patriarcado

“…Contudo, existe o caminho da resistência na mídia alternativa (WOITOWICZ, 2008(WOITOWICZ, , 2012, onde a liberação das vozes femininase feministaspassa a ser o principal objetivo de um jornalismo contra-hegemônico, baseado em práticas dialógicas e libertadoras. O livro A Guerra não tem rosto de mulher, da jornalista bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, é uma das obras que ilustram esse jornalismo de resistência que busca garantir que as múltiplas vozes femininas consigam espaço e meio para se propagar.…”

“…Em seu estudo, Woitowicz (2012) lista importantes veículos alternativos que desempenharam esse papel de resistência no Brasil a partir dos anos 1970, como os jornais Brasil Mulher (1975-1979), Nós Mulheres (1976-1978 e Mulherio (1981)(1982)(1983)(1984)(1985)(1986)(1987) Trata-se, efetivamente, de um esforço para colocar as produções realizadas pelo jornalismo literário (uma importante forma de representação social) como novos pontos de resistência que se somam àqueles apresentados por Woitowicz (2008Woitowicz ( , 2012) em diferentes estudos.…”

“…Obviamente, não se pretende com a análise hermenêutica aqui realizada (tampouco com as breves revisões bibliográficas desenvolvidas) encerrar os debates neste artigo em torno de uma defesa definitiva do jornalismo literário como a "melhor" estratégia para a luta feminista diante das construções simbólicas de gênero. A ideia, ao contrário, é apontá-lo como uma possibilidade entre tantas outras, melhor apresentadas nos estudos de Woitowicz (2008Woitowicz ( , 2012. Nesse caminho valem mais, portanto, as estratégias construídas por Aleksiévitch (como os choques discursivos e a convergência de elementos factuais a partir das múltiplas vozes silenciadas) do que o próprio gênero jornalístico/literário em questão, vez que esses elementos, quando incorporados ao jogo discursivo, podem ser utilizados por formatos…”

“…Woitowicz (2012) compreende a mídia alternativa a partir "do seu caráter contrahegemônico e dos parâmetros diferenciados dos meios tradicionais no que se refere às suas formas de produção, circulação e consumo, assumindo características próprias" (WOITOWICZ, 2012, n.p).…”

A Marcha das Vadias e o fenômeno do feminismo comunicacional: usos sociais do Facebook na construção de políticas de identidade de gênero na sociedade em rede.

“…Ao analisar a imprensa feminista brasileira, Woitowicz (2012), destaca que, em um primeiro momento, ela esteve intimamente relacionada com o processo de oposição à ditadura, entre essas experiências temos como marcos os jornais Brasil Mulher (1975-1979, Nós Mulheres (1976Mulheres ( -1978 10. Aqui nos referimos ao conceito de mídia alternativa.…”