História da talidomida no Brasil a partir da mídia impressa (1959-1962)

Abstract

ResumoO artigo discute algumas questões relacionadas à droga talidomida, a partir de notícias da mídia impressa. As fontes utilizadas na pesquisa foram jornais editados na cidade do Rio de Janeiro entre 1959 e 1962. O estudo destaca o contexto histórico brasileiro que antecede a chegada da talidomida no Brasil, com ênfase em alguns aspectos relativos à indústria farmacêutica no cenário da década de 1950; traz algumas informações sobre o Instituto Pinheiros Produtos Terapêuticos S/A, o principal laboratório que produziu e comercializou a droga no país; demonstra como os jornais veicularam as primeiras propagandas incentivando a prescrição do medicamento e acompanha as notícias sobre os malefícios da talidomida; aponta quais ações foram tomadas para a retirada da droga do mercado brasileiro, uma vez que ela era amplamente comercializada no país naquele momento; conclui que a mídia impressa deu destaque moderado para a tragédia, que a talidomida circulou largamente pelo território nacional e sugere que a primeira geração de bebês vítimas da talidomida deve ser maior do que normalmente se supõe.

Utilização de animais em pesquisas: breve revisão da legislação no Brasil

“…In fact, although, the use of animals in medical research has brought about success in many therapeutic interventions 3,6,7 , detrimental effects can be observed. The drug thalidomide, for example, prescribed as a hypnotic and sedative for humans, including pregnant women, resulted in many cases of congenital malformations in children 8 . This was partly due to misinterpretation of the actual effect of thalidomide, as rodents' metabolism of the drug is different from humans' metabolism, and, as a result, numerous reports of "thalidomide babies" 9 were observed.…”

Alterações No Desenvolvimento Embrionário Causadas Pela Utilização Da Talidomida

“…1). Sua primeira síntese deu-se na Alemanha pela indústria farmacêutica Chemie-Grünhenthal, que até o momento, não havia demonstrado toxicidade em estudos experimentais com ratos portanto, não ocorreu o estabelecimento de uma dose letal (OLIVEIRA;BERMUDEZ;SOUZA, 1999;EMA et al, 2010;ITO;ANDO;HANDA, 2011;SCIALLI, 2011;LEANDRO;SANTOS, 2015;VIANNA et al, 2015;WANG et al, 2016;MORO;INVERNIZZI, 2017). Generalizando para humanos os achados experimentais, foi lançada ao mercado como um medicamento "completamente seguro e atóxico", com anúncios programados, distribuição de pacotes de amostra aos médicos para fornecimento livre aos pacientes, além de cartas a farmacêuticos e médicos.…”

“…Generalizando para humanos os achados experimentais, foi lançada ao mercado como um medicamento "completamente seguro e atóxico", com anúncios programados, distribuição de pacotes de amostra aos médicos para fornecimento livre aos pacientes, além de cartas a farmacêuticos e médicos. Não levou muito tempo até ser uma das drogas mais vendidas mundialmente (LARY et al, 1999;OLIVEIRA;BERMUDEZ;SOUZA, 1999;LEANDRO;SANTOS, 2015;VARGESSON, 2015;VIANNA et al, 2017).…”

“…Inúmeros ensaios clínicos foram realizados afim de verificar sua possível eficácia em diversos tipos de situações, como: distonia neurovegetativa, tuberculose, influenza, coqueluche, hipertensão, arteriosclerose, hipertireoidismo, afecções gástricas de origem nervosa e problemas hepáticos. Desta forma, a empresa a vendia como um medicamento  = átomo de carbono assimétrico multipotente e livre de efeitos colaterais (OLIVEIRA;BERMUDEZ;SOUZA, 1999;EMA et al, 2010;LEANDRO;SANTOS, 2015;VIANNA et al, 2017).…”

Medicamentos e gravidez: Influência na morfologia fetal

“…5,6 O potencial teratogênico dos medicamentos só foi considerado relevante a partir de 1950, com a tragédia da talidomida, medicamento usado por gestantes para diminuir náuseas e vômitos o qual levou ao nascimento de aproximadamente 10 mil crianças com malformações congênitas, caracterizada pelo encurtamento dos ossos longos dos membros superiores e/ou inferiores, com ausência total ou parcial das mãos, pés e /ou dedos. 7 As dificuldades de ensaios experimentais em seres humanos por causa de aspectos éticos, nos levam a necessidade de estudos epidemiológicos para se elaborar estratégias e reduzir a incidência de malformações induzidas por medicamentos. 8,9 A agência norte-americana Food and Drug Admnistration (FDA) classificam os medicamentos de acordo com seu grau de segurança, porém, nem todos fármacos possuem sua classificação definida e nem toas as alterações fetais documentadas.…”