Hepatite B e Exposição Ocupacional no Cenário Odontológico. A Valoração do Saber e das Atitudes dos Profissionais

Abstract

A Hepatite B é uma doença pandemica e infecciosa de grande impacto à saúde pública, visto sua alta infectividade e elevados índices de morbidade e mortalidade. O presente estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento dos cirurgiões-dentistas sobre o tema hepatite B e as suas atitudes frente aos acidentes ocupacionais. Trata-se de um estudo epidemilógico exploratório, transversal, quantitativo, realizado com cirurgiões-dentistas da rede pública nos níveis de atenção primária e secundária de três municípios do Estado de São Paulo. Para a coleta dos dados foi elaborado um inquérito semiestruturado, exclusivamente, para este estudo. Os dados foram procesados e tabulados com auxílio do pacote estatístico Epi Info 7.1. Do total de 133 profissionais cadastrados, obteve-se participação de 101 (75,96%) cirurgiões-dentistas. Verificou-se que, embora grande parte dos participantes afirmassem ter conhecimento sobre hepatite B (69,31%), apenas metade deles acertou o agente etiológico da doença. Em relação à vacinação, 91,1% diseram ter tomado as 3 doses da vacina, entretanto, somente 50% dos mesmos garantiram estarem imunizados contra o vírus. Sobre os acidentes, a maioria dos incidentes ocorreram apenas uma vez (68,75%) e a agulha da seringa carpule (56,25%) foi o principal agente causador do incidente. Além do mais, dentre os cirugiões-dentistas que já se acidentaram, os quais os pacientes se recusaram realizar os exames de comprovação imunológica, não fizeram as medidas profiláticas pós-exposição. O conhecimento dos cirugiões-dentistas sobre o tema hepatite B se mostra como uma questão, que ainda apresenta falhas, e as medidas protetivas, que devem ser tomadas após acidentes ocupacionais foram totalmente negligenciadas.Palavras-chave: Exposição Ocupacional. Odontólogos. Vacinas contra Hepatite B.AbstractHepatitis B is a pandemic and infectious disease with a great public health impact due to its high infectivity and high morbidity and mortality rates. This study aimed to evaluate the knowledge of dentists on the topic regarding hepatitis B and their attitudes towards occupational accidents. This is a quantitative cross-sectional exploratory epidemiological study, carried out with dental surgeons of the public network at the primary and secondary care levels from three municipalities in the State of São Paulo. For data collection, a semi-structured survey was designed exclusively for this study. The data were processed and tabulated using the Epi Info 7.1 statistical package. Ou of the total of 133 registered professionals, 101 (75.96%) dentists participated. It was found that, although a large part of the participants claimed to have knowledge about hepatitis B (69.31%), only half of them agreed on the etiological agent of the disease. Regarding vaccination, 91.1% said they had taken all three doses of the vaccine, however, only 50% of them had been immunized against the virus. About the accidents, most incidents occurred only once (68.75%) and the carpule syringe needle (56.25%) was the main causative agent of the incident. In addition, among those dental surgeries who have already experienced accidents, when the patients refused to perform the immunological tests, they did not take the prophylactic measures after exposure. The knowledge of dentists on the topic of hepatitis B is an issue that still presents flaws, and the protective measures that must be taken after occupational accidents have been totally neglected.Keywords: Occupational Exposure. Dentists. Hepatitis B Vaccines.

Análise da padronização, organização e racionalização no atendimento de pacientes em clínica de ensino odontológico

“…Acidentes perfurocortantes ainda fazem parte da rotina odontológica, sendo a agulha da seringa Carpule como principal causadora de tais incidentes (Garbin et al, 2017). Observou-se que o coletor de material perfurocortante estava em local de grande fluxo de pessoas e passível de contaminação a outros materiais, possibilitando riscos de acidentes com materiais mal descartados e contaminados.…”

Conhecimento de estudantes de Odontologia sobre as hepatites virais e sua relevância na prática clínica

“…Assim como no presente estudo, diversos autores demonstraram uma inconsistência do conhecimento de profissionais e estudantes de Odontologia com relação às hepatites virais de maior relevância na prática odontológica 6,7,[8][9][10][11][12] . Portanto, é necessário reconhecer o papel fundamental das instituições ensino na formação profissional para, assim, promover alterações curriculares que visem à melhoria do conhecimento dos estudantes relacionado às hepatites virais e outras infecções ocupacionais, e, consequentemente, tornar a prática acadêmica e profissional mais segura.…”

“…Para que estudantes e profissionais realizem os procedimentos clínicos com maior segurança, é fundamental que possuam conhecimento sobre a transmissão de doenças nos consultórios odontológicos 8 . Entretanto, diversos estudos têm evidenciado falhas no conhecimento desses indivíduos com relação às hepatites virais de maior relevância na prática clínica 6,7,[9][10][11][12][13][14][15] . A falta de informação é, também, uma das principais justificativas dadas por estudantes e profissionais de Odontologia para a não adesão ao protocolo adequado de imunização contra a hepatite B 9,16,17 .…”

“…Entretanto, diversos estudos têm evidenciado falhas no conhecimento desses indivíduos com relação às hepatites virais de maior relevância na prática clínica 6,7,[9][10][11][12][13][14][15] . A falta de informação é, também, uma das principais justificativas dadas por estudantes e profissionais de Odontologia para a não adesão ao protocolo adequado de imunização contra a hepatite B 9,16,17 . É de responsabilidade dos cursos de Odontologia oferecer aos seus discentes adequadas instruções quanto às medidas de controle de infecção 7 .…”

Serviço de atendimento ao acidentado por material biológico na Odontologia

“…Em outubro de 2018 iniciou-se o processo de aprovação do Protocolo Pós-exposição Nesse sentido, autores apontam negligência na adesão aos protocolos pós exposição em casos de acidentes com perfurocortantes. Em alguns casos, observa-se relatos de desconhecimento da existência de um protocolo de condutas a serem seguidas e outros por desconsiderarem a necessidade de cuidados após a ocorrência do acidente ocupacional (MARTINS et al, 2010;GARBIN ET al., 2017;TREZENA et al, 2020). Logo, as ações do programa de extensão têm cumprido seu papel preenchendo uma lacuna importante, observada no âmbito da unidade a fim de contribuir de forma permanente e transformar as práticas profissionais.…”