“…Utilizando como exemplo os indígenas das terras baixas sul-americanas, o autor afi rma que, embora antes da chegada dos europeus os índios possuíssem nível técnico similar àquele dos habitantes da Nova Guiné, diferentemente destes últimos, não enveredaram para a domesticação de animais para fi ns alimentares. A razão dessa escolha não seria identifi cável, portanto, a partir das características intrínsecas à causalidade material, mas seria devida a fatores cosmológicos, que estabelecem uma relação anímica entre seres humanos e "animais", baseada na lógica da predação (Descola, 1992(Descola, , 2002. Diferentemente do que ocorre na Nova Guiné, continua o autor, por motivações simbólicas, os ameríndios não podem domesticar os "animais" para fi ns alimentares porque isso implicaria em torná-los "objetos", e, portanto, subtrair-lhes a condição de pessoa, que os caracteriza nessas ontologias.…”