Abstract:Comparam-se materiais etnográficos de uma pesquisa numa prisão antes e depois do advento do encarceramento concentrado que a entrelaçou a um conjunto de bairros urbanos. Tornados mundos contínuos, anteriores limites intraprisionais colapsaram, espoletando mudanças inclusive em aspetos corpóreos e sensoriais da experiência carceral. O corpo confinado é descrito não tanto como um objeto de poder disciplinar, mas como constituído antes de mais por relações sociais e morais, tornando as experiências corporais da p… Show more
“…A Geografia Carcerária questiona a noção clássica de instituição total de Goffman (2007), ao identificar que os muros das prisões são porosos, articulando relações familiares, agentes dos Estado e presos, além de tramas legais e ilegais (Moran, 2013b). Como descrito por Cunha (2020), cuja pesquisa se pautou em etnografia em diversas prisões, os ambientes de visitação, por exemplo, são espaços que estabelecem relações significativas entre o fora e o dentro das prisões. Com efeito, desestabilizam identidades e regras formalmente pactuadas no contexto prisional, fazendo com que a sociabilidade penal deixe de estar circunscrita ao cotidiano institucional, para se estender aos bairros onde residem os familiares dos prisioneiros.…”
Section: Territórios E Prisõesunclassified
“…Em 1990, a taxa de aprisionamento era de 61 presos por 100.000 habitantes, alcançando seu patamar mais elevado em 2019 (359 por 100.000 habitantes) (DePen, 2021). As razões para este significativo aumento estão situadas, de um lado, nas políticas de segurança pública, muito voltadas para as prisões em flagrante, que aumentam o quantitativo de presos provisórios, que hoje respondem por 1/3 dos encarcerados (Cunha, 2020). De outro lado, está a lei de drogas aprovada em 2006, que deixou nas mãos dos policiais a diferenciação entre tráfico e uso, sendo que para essa distinção não interessa a quantidade de drogas, mas "as circunstâncias sociais e o local da infração".…”
Este artículo analiza los territorios constituidos en el Complejo Penitenciario Nelson Hungría, una unidad penitenciaria inicialmente diseñada como de máxima seguridad, dirigida a los presos masculinos, ubicada en la Región Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. El objetivo es revelar cómo se construye la geografía carcelaria de esta unidad y cómo ella termina reflejando la dinámica de sociabilidad en prisión. Por lo tanto, se utilizaron datos obtenidos a través de una encuesta que incluyó la observación de los espacios de la unidad, entrevistas con diferentes tipos de actores (como funcionarios de la administración penitenciaria y reclusos), además de la creación de planos de los sitios y mapas que indican cómo dichos espacios se encuentran ocupados por personas específicas. Los distintos territorios instituidos en el Complejo Penitenciario Nelson Hungría producen y refuerzan identidades, muchas de las cuales han sido construidas por los presos junto con agentes estatales
“…A Geografia Carcerária questiona a noção clássica de instituição total de Goffman (2007), ao identificar que os muros das prisões são porosos, articulando relações familiares, agentes dos Estado e presos, além de tramas legais e ilegais (Moran, 2013b). Como descrito por Cunha (2020), cuja pesquisa se pautou em etnografia em diversas prisões, os ambientes de visitação, por exemplo, são espaços que estabelecem relações significativas entre o fora e o dentro das prisões. Com efeito, desestabilizam identidades e regras formalmente pactuadas no contexto prisional, fazendo com que a sociabilidade penal deixe de estar circunscrita ao cotidiano institucional, para se estender aos bairros onde residem os familiares dos prisioneiros.…”
Section: Territórios E Prisõesunclassified
“…Em 1990, a taxa de aprisionamento era de 61 presos por 100.000 habitantes, alcançando seu patamar mais elevado em 2019 (359 por 100.000 habitantes) (DePen, 2021). As razões para este significativo aumento estão situadas, de um lado, nas políticas de segurança pública, muito voltadas para as prisões em flagrante, que aumentam o quantitativo de presos provisórios, que hoje respondem por 1/3 dos encarcerados (Cunha, 2020). De outro lado, está a lei de drogas aprovada em 2006, que deixou nas mãos dos policiais a diferenciação entre tráfico e uso, sendo que para essa distinção não interessa a quantidade de drogas, mas "as circunstâncias sociais e o local da infração".…”
Este artículo analiza los territorios constituidos en el Complejo Penitenciario Nelson Hungría, una unidad penitenciaria inicialmente diseñada como de máxima seguridad, dirigida a los presos masculinos, ubicada en la Región Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. El objetivo es revelar cómo se construye la geografía carcelaria de esta unidad y cómo ella termina reflejando la dinámica de sociabilidad en prisión. Por lo tanto, se utilizaron datos obtenidos a través de una encuesta que incluyó la observación de los espacios de la unidad, entrevistas con diferentes tipos de actores (como funcionarios de la administración penitenciaria y reclusos), además de la creación de planos de los sitios y mapas que indican cómo dichos espacios se encuentran ocupados por personas específicas. Los distintos territorios instituidos en el Complejo Penitenciario Nelson Hungría producen y refuerzan identidades, muchas de las cuales han sido construidas por los presos junto con agentes estatales
“…No que diz respeito ao corpo feminino encarcerado, há que refletir por que um "corpo fora de circulação" pode interessar ainda as estratégias biopolíticas de controle, de destaque pelo estigma, de controle da reprodução, que a Portaria delimita. E, inspiradas por Cunha 17 , vale referir que ao olhar para essas mulheres aprisionadas o que está em questão não é apenas o caráter contextual do aprisionamento -que poderia remeter a certo desinteresse por parte do Estado em função do confinamento que as restringe e controla. Observa-se que as moralidades continuam operando remetendo às relações sociais que as ligam ao mundo exterior, como ameaça potencial à ordem.…”
Dimensões biopolíticas da Portaria n o 13/2021 do Ministério da Saúde: impactos nos direitos e no enfrentamento de estigmas de determinados grupos de mulheres Biopolitical dimensions of Ruling n. 13/2021 by the Brazilian Ministry of Health: impacts on rights and on the fight against the stigmatization of certain groups of women Dimensiones biopolíticas del Decreto n o 13/2021 del Ministerio de Salud de Brasil: impactos en los derechos y combate de estigmas de determinados grupos de mujeres PERSPECTIVAS PERSPECTIVES
Resumo Este artigo descreve as percepções dos(as) trabalhadores(as) quanto às possíveis influências da localização, distribuição e estrutura física de sete unidades socioeducativas de internação paranaenses (Censes) destinadas a adolescentes em conflito com a lei, oferta de atividades e sua relação com os processos de trabalho e o cotidiano institucional. Trata-se de um estudo qualitativo, transversal e de cunho exploratório-descritivo. As metodologias envolveram entrevistas semiestruturadas, grupos focais e observação participante. Participaram dos grupos focais 79 trabalhadores(as), sendo outros(as) 08 entrevistados(as), em unidades de grande e pequeno porte, destinadas ao público feminino e masculino. Sobressaiu-se nesta pesquisa a relevância da análise da ambiência nos Censes, sendo a limitação no engajamento dos(as) adolescentes em ocupações influenciada por questões estruturais e de maior distância as unidades dos centros urbanos resultam em uma conformação de cuidado mais próxima da lógica segregadora. A organização do espaço e do sentido das atividades ofertadas influenciam também a saúde mental dos adolescentes.
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