“…Por sua vez, os prejuízos emocionais, decor-rentes do "controle das emoções", no contato diário com os presos (Crawley, 2004), teriam como consequência o "endurecimento" (frieza, tristeza e agressividade) gradual desses trabalhadores (Claus, 2012), que se absteriam de conviver com diferentes segmentos, centrando suas redes de contato em colegas de trabalho e em alguns presos, configurando-se, assim, uma espécie de aprisionamento (Arnold, 2005). Essa mesma literatura destaca que os efeitos do trabalho custodial se tornam prementes em contextos de mudanças, como aqueles pelos quais têm passado o sistema penitenciário brasileiro (Moraes, 2013;Dias, 2017) e, especificamente, o mineiro (Lourenço, 2010;Oliveira, 2018), com o aumento da superlotação e a expansão das redes de crime organizado, como o Primeiro Comando da Capital (Dias, 2017;Silvestre, 2012;Godoi, 2017). Neste cenário, os agentes precisam se antecipar aos desmandos dos grupos desviantes, o que requer maior habilidade para interlocução com as lideranças prisionais (Moraes, 2013).…”