Agentes Penitenciários Aprisionados Em Suas Redes?

Abstract

Neste trabalho, investigamos os componentes das redes pessoais de agentes prisionais e problematizamos se a maior restrição ao ambiente custodial pode ser vista como um efeito do trabalho em penitenciárias. Para tanto, foram utilizadas as entrevistas em profundidade (realizadas entre 2015 e 2017), com presos e agentes da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e os questionários sociométricos aplicados a esses mesmos sujeitos. A partir desses dados, comparamos as redes pessoais dos agentes penitenciários com as dos presos, e utilizamos os seus discursos sobre padrões de interação, dentro e fora da prisão, para entendimento das configurações assumidas. Com isso, constatamos que, muitas vezes, os funcionários do cárcere têm redes mais restritas ao universo prisional, do que os próprios internos, o que é descrito por tais entrevistados como um processo de aprisionamento decorrente do trabalho custodial.

A Educação No Sistema Penitenciário: Um Estudo Em Unidades Prisionais Do Estado Do Rio Grande Do Sul / Education in the Penitentiary System: A Study in Prison Units in the State of Rio Grande Do Sul

“…Os participantes do estudo foram agentes penitenciários, que são os profissionais responsáveis pelas funções de controle e vigilância dos sujeitos privados de liberdade, realizando atividades de inspeção das celas, verificação da segurança do local e controle da entrada e saída, dentre outras atribuições (Ribeiro et al, 2019).…”

Entre o cuidado e a custódia: Como agentes prisionais em Minas Gerais percebem seu trabalho

“…(Agente prisional feminina 3) Para as pessoas entrevistadas, é preciso estar vigilante para não cair nas dissimulações das(os) detentas(os), evitando possíveis sinistros que podem culminar em violência (COELHO, 2005;BODÊ DE MORAES, 2013). Nesse cenário, as melhores armas são os olhos e os ouvidos, o que contribui para o estado de tensão constante (RIBEIRO et al, 2019). Qualquer barulho ou movimento diferenciado pode ser imediatamente correlacionado com o estoque de conhecimento já acumulado pela(o) agente, indicando a iminência de um sinistro (THOMPSON, 1980).…”

“…É uma tensão inimaginável porque elas/es não podem confiar jamais nas(os) presas(os) (LOURENÇO, 2010) e precisam desconfiar das(os) próprias(os) companheiras(os) (THOMPSON, 1980), que podem ser corrompidas(os) em alguma negociação (SYKES, 1975). Esse excesso de alerta à espera de problemas (FREITAS, 1985) cria um elevado temor de que o perigo está onde menos se imagina, inclusive em si mesmo (RIBEIRO et al, 2019). Como nos contou um entrevistado:…”

Prison officers in Latin America: quality of life, working conditions and main difficulties

“…Jesus et al 19 señalan que factores como el hacinamiento en los recintos carcelarios y la falta de personal funcionario penitenciario para cubrir la cantidad de internos actuarían agravando la tensión física y mental de los agentes penitenciarios, lo que a su vez genera un impacto negativo en su satisfacción laboral. En la misma línea, los textos seleccionados también dan cuenta de la tensión y alerta constante en que se encuentran los guardias y que afrontan al estar expuestos a agresiones, amenazas e incluso motines/rebeliones de los internos en los contextos de encierro, los cuales no son infrecuentes en América Latina [18][19][20][21][22][23][24][25][26][27][28][29] .…”