A Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2016) surge como resultado de uma discussão sobre a necessidade de um currículo comum para o país e propõe para cada área do conhecimento os conteúdos que devem compor os currículos das escolas. Desse modo, levando em consideração a área de Linguagens e a disciplina de Língua Portuguesa, podemos perceber que opções teóricas são feitas durante a elaboração desse documento, todavia não são indicadas. Assim sendo, este artigo tem como foco apresentar a (des)montagem (Le Goff, 1997) da arquitetura conceitual e estrutural da segunda versão do documento no nível do ensino médio. A partir de pesquisa documental, de base qualitativo-interpretativista e situada no campo crítico-colaborativo da Linguística Aplicada (LA), procuramos investigar a Transposição Didática (Chevallard, 2001), ou seja, a passagem do saber científico ao saber escolarizável, a qual (re)define objetos de ensino. Portanto, mostra-se importante desvelar a configuração teórica que emana desse documento com força de lei e quais as implicações para o ensino. Para tal investigação, apoiamo-nos na teoria da Transposição Didática, Chevallard (2001, 1991), Marandino (2004); na Linguística Textual, Brait (2016), Koch (2009); e nos Estudos sobre Currículo, Silva (2005) e Moreira (2009), para analisar o conceito de produção textual desse documento. Os resultados apontam para o apagamento das filiações teóricas e uma imprecisão conceitual, que podem se revelar como complicadores da leitura. Além disso, há a uma vinculação recorrente à noção grafocêntrica de texto, resultando numa visão menos pedagógica do objeto de ensino em referência.