As relações de gênero e sexualidade têm atravessado a escola, dos documentos públicos de educação e da educação sexual às atividades cotidianas presentes neste espaço. O objetivo deste artigo é analisar a produção discursiva de jovens estudantes de uma escola pública de ensino médio localizada em Fortaleza/CE acerca da relação entre gênero, sexualidade e escola. A análise é realizada com base nos dados construídos em uma Pesquisa-Intervenção que teve como dispositivo um curso de formação de jovens pesquisadores do cotidiano escolar, com participação de 36 estudantes do ensino médio, que, em grupos, construíram pesquisas que tinham a escola como lócus central. Utiliza-se como material de análise a transcrição de encontros do curso e diários de campo. Foram formadas sete (7) equipes de pesquisa, e três (3) destas escolheram temáticas de pesquisa transversais às questões de gênero e de sexualidade. Utiliza-se da Análise do Discurso de base foucaultiana para análise dos dados. Observa-se que os discursos dos/as jovens acerca da discussão das questões de gênero e sexualidade na escola são marcados pelo atravessamento de distintas produções de saber, tornando-os contraditórios, ora reivindicando mudanças na escola, ora afastando-a de qualquer discussão devido a empecilhos morais. Apesar desta dispersão discursiva, a necessidade de romper com situações de violência e sofrimento ocasionadas por práticas normalizadoras em relação ao gênero e à sexualidade é marcante. Conclui-se que os/as estudantes demandam construções coletivas entre os/as membros/as da comunidade escolar, que permitam a produção de novos discursos acerca do gênero e da sexualidade.