O esporte moderno ocupa o espaço público das cidades como forma de lazer e sociabilidade, fomentando na sociedade valores como força física, superação de limites, resistência e supremacia. Entretanto estes ideais são relacionados, principalmente, à figura masculina. A inserção da mulher neste meio é um fenômeno social recente, sua aceitação no mundo esportivo é mais recente ainda. Se analisarmos a trajetória feminina nos Jogos Olímpicos da Era Moderna, iniciada de maneira "extraoficial" em 1900, as mulheres levaram 116 anos para compor 45% do total de atletas nas Olimpíadas. As representações sociais de sexo/gênero consolidadas por séculos de opressão permanecem presentes, embasando, discursos, ações, e principalmente acarretando a mulher o ônus de receber menores salários e enfrentar maiores dificuldades para ascender aos cargos de liderança. Kérgoat (2009) discorre que a divisão sexual do trabalho é decorrente destas relações sociais, que tem por característica destinar o homem à esfera pública e a mulher à esfera privada. Hirata e Kérgoat (2007) afirmam ainda que as funções exercidas pelos homens possuem maior reconhecimento e valor social, que as exercidas pelas mulheres. Diante deste contexto este estudo tem por objetivo analisar a divisão sexual do trabalho em esportes de combate, a fim de verificar influências nas práticas laborais das mulheres que trabalham neste meio. Para tanto realizamos uma revisão teórico-conceitual das categorias que permeiam a temática, associadas a dados e pesquisas já realizadas, e a teóricas reconhecidas como: Danièle Kérgoat (2007, 2009), Helena Hirata (2007) e Raquel Quirino (2011).