Este trabalho refere-se a mulheres que ocupam cargos de poder em uma organização tradicionalmente masculina - a Polícia Civil da Cidade de Salvador. Focalizamos as representações elaboradas pelas próprias mulheres : a auto-percepção do papel que exercem; a percepção que elas tem do papel desempenhado pelos homens; e as dificuldades inerentes ao cargo que, extrapolando o círculo profissional, se refletem na relação com seus parceiros e filhos, no âmbito do privado. Nesta etapa do trabalho, nosso objetivo principal foi discorrer sobre o estilo de gestão segundo a visão dessas mulheres, caracterizando, ainda, os entraves e as dificuldades à sua auto-afirmação pessoal e profissional, por considerarmos, como Françoise Belle (1993), que o projeto de emancipação da mulher tem, nas organizações, sejam elas de que natureza forem, um espaço privilegiado para a discussão da problemática do gênero, já que toda organização constitui um microcosmo característico do macrossistema sócio-cultural.
Este artigo examina o discurso de dois líderes -Carlinhos Brown e Vovô do Ilê -na elaboração de si mesmos e na projeção de representações para a construção de identidades, através da gestão de duas ongs baianas: a Associação Pracatum e o Ilê Aiyê, situadas nas comunidades do Candeal e do Curuzu-Liberdade, em Salvador (Ba). A aproximação de liderança e identidade, conceitos marcados por perspectivas analíticas diversas, estabelece-se pela noção de mediação, inerente a qualquer sistema de representação, e entendida enquanto um processo que instrumentaliza poderes e saberes no âmbito organizacional. Focaliza duas instâncias mediadoras: o discurso das lideranças e as representações efetivadas pela mídia impressa local -jornais A Tarde e Correio da Bahia -na década de 90, período de consolidação dessas ongs no âmbito da indústria cultural baiana. E verifica as possíveis semelhanças e defasagens entre a autopercepção dos líderes (imagem desejada ou privada) dos anseios e carências de suas comunidades de origem e a percepção dos mesmos pela mídia impressa local (imagem transmitida ou pública), através de procedimentos quantitativos e qualitativos, como a análise de conteúdo (Bardin, 1977) e a construção da Imagem em 3D (Brault, 1993), sobre um total de 515 matérias jornalísticas. I. INTRODUÇÃOSituar a liderança no âmbito da produção de sentido nos sinaliza para as possibilidades evidenciadas pelas teorias da contingência, de entendê-la enquanto um fenômeno singular, capaz de superar as contradições de uma ciência sem sujeito ou de um conhecimento sem consciên-cia, o que constitui um problema recorrente no âmbito dos estudos organizacionais. Pressionados por uma visão pragmático-utilitarista, tais estudos têm caracterizado a liderança como um processo essencialmente instrumental. Se o líder constrói para outros os pontos de referência norteadores de sua ação no mundo, fornecendo-lhes as bases para a identificação e a construção da identidade, como efetivar o necessário compartilhamento de sentido, sem as relações de interação e reciprocidade inerentes à representação simbólica?A aproximação do debate epistemológico nas áreas da Administração e da Comunicação -especificamente do jornalismo como forma de conhecimento -foi uma pista para uma nova compreensão dos estudos organizacionais, que se encontram minados por divergências ideológicas e sem acordo sobre o seu objeto de estudo (Burrell, 1998). Na interface dessas duas áreas foi possível compreender que a restauração do sujeito requer, mais do que a sua integração ao processo da ciência, o entendimento do lugar que ele ocupa, simultaneamente, enquanto agente do conhecimento e da construção social da realidade.A compreensão da importância e do papel que os processos simbólicos e comunicativos têm como elementos estruturantes, não apenas do sujeito, mas dos espaços societários que emergem das novas relações entre o público e o privado, aponta para os meios de comunicação de massa, especialmente o Jornalismo, como mediações que conferem visibilidade e legitimidade às quest...
Apresentamos o relato da experiência de construção de um projeto interdisciplinar no âmbito do Curso de Relações Públicas da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Na proposta, toma-se como fenômeno e campo empírico a cidade de Salvador (BA). Compreende-se que as relações públicas têm uma indiscutível vocação interdisciplinar, cujas práticas estão diretamente relacionadas ao contexto mais amplo de transformações que afetam os processos de comunicação, implicando mudanças paradigmáticas no âmbito da formação acadêmica e profissional.
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