Diagnóstico ambiental da produção de aguardente em uma cooperativa de produtores de cachaça de alambique na região calcária do centro-oeste de Minas Gerais

Abstract

Este estudo tem por objetivo diagnosticar a situação ambiental gerada no processo produtivo em uma Cooperativa de Produtores de Cachaça de Alambique da Região Calcária do Estado de Minas Gerais (Coopercalc). A pesquisa desenvolvida é de caráter qualitativo e de natureza exploratória. Para a coleta dos dados foram aplicados questionários semi-estruturados nos municípios de Córrego Fundo, cujos alambiques foram denominados A, B, C e D, Pimenta, E, F, G e H e Iguatama, I e J. Conclui-se que todos os alambiques estudados queimam o bagaço e a ponta de cana nas caldeiras. Os alambiques B, C, G e J utilizam o resto como alimento para o gado. A torta de filtro e o vinhoto são utilizados pelos alambiques A, B, C, F, G e I diluídos com água em pequenas quantidades no canavial como fertirrigação. As cinzas são usadas como adubo no canavial dos alambiques A,B, D, E, H e I. Na maioria dos alambiques, os produtos recicláveis não são separados e encaminhados para a coleta seletiva; as embalagens ficam jogadas ao redor das propriedades. De acordo com a pesquisa, verifica-se uma necessidade dos produtores estudarem, de forma mais aprofundada para darem destinação correta aos resíduos gerados no processo e não modificarem ainda mais o meio ambiente.

Produção mais Limpa de Cachaça de Alambique: Um Estudo a Partir das Práticas Sociomateriais

“…Assim, de posse do conhecimento das possibilidades de reaproveitamento do bagaço da cana, os produtores utilizam os resíduos como matéria-prima para a cobertura do solo, produção de celulose e papel, forragem para animais, ração animal, matéria-prima para paredes internas e chapas de isolamento térmico e matéria-prima para geração de energia elétrica. O bagaço também pode ser utilizado na compostagem com outros resíduos orgânicos da fazenda para adubação de canaviais (pois é um adubo rico em nitrogênio-fósforo-potássio) e na produção de combustível, substituindo a lenha (FEAM, 2017;GAMA et al 2010;JUNG, FERNANDES, & UHDE, 2015;MORAIS et al, 2013).…”

“…Tendo em vista que a ponta de cana possui um grande impacto ambiental se for queimada, a agência social ao evitar tal prática também evita diversos elementos materiais nocivos ao meio ambiente e ao ser humano, pois as emissões atmosféricas provenientes dessa queima geram óxidos de enxofre que podem causar problemas renais e circulatórios nos produtores rurais, além de ocasionar chuva ácida, prejudicando o solo, os cursos d'água e a saúde humana (MORAIS et al, 2013). Dessa imbricação de agências e mecanismos, é constituída uma prática sociomaterial relacionada ao reaproveitamento da ponta de cana que ao invés de ser queimada, podendo ser picada e enriquecida com um suplemento proteico na alimentação animal, bem como pode ser usada como cobertura do solo (FEAM, 2017;MORAIS et al, 2013).…”