Desenhando a resistência: estética e contra-hegemonia no movimento agroecológico no Brasil

Abstract

Resumo No presente artigo teórico-empírico, busca-se contribuir para os Estudos Organizacionais trazendo para o debate os movimentos sociais, em especial o movimento agroecológico, que tem se constituído como meio de resistência à hegemonia do agronegócio no Brasil. O estudo estabelece também uma “ponte” teórico-empírica não convencional, neste campo disciplinar, entre estudos em estética e abordagem neogramsciana de discurso em Laclau e Mouffe. Desse modo, à luz dos conceitos de estética e da análise neogramsciana de discurso em hegemonia e antagonismo, investigou-se de que forma as expressões estéticas influenciam a construção da contra-hegemonia no movimento agroecológico brasileiro. A pesquisa adota uma metodologia com enfoque qualitativo na análise de desenhos produzidos por agricultores e agricultoras no III Encontro Nacional de Agroecologia (III ENA), denominados de Painéis de Facilitação Gráfica. Ao final, é possível observar que a estética dos painéis do III ENA permitiu aos agricultores e agricultoras a (re)construção de suas visões de mundo, a divulgação de suas inquietações, realidades e alternativas agrícolas locais, e, principalmente, a orientação de práticas, propostas e legitimação do movimento, que passaram a ser centrais aos valores contra-hegemônicos e na construção de um inimigo comum. A complexidade expressa nas relações construídas nos painéis também ressaltou que a estética pode trazer uma perspectiva efetiva, acessível e sensível na construção das visões de mundo de grupos subalternos. Dessa forma, o movimento agroecológico brasileiro, construído também na perspectiva estética, revela-se como importante ator na resistência à hegemonia do agronegócio e ao modelo capitalista.

Organizações Internacionais E a Soberania Alimentar: O Protagonismo Da via Campesina / International Organizations and Food Sovereignty: The Protagonism of the via Campesina

“…Movimentos sociais que tentam fazem oposição à ordem dominante, se caracterizam como movimentos contra-hegemônicos, visto que têm um objetivo de lutar pela estrutura sócio-políticoeconômica formada que consideram injusta (NAVES;REIS, 2017). Todavia, as ações de cunho contra-hegemônico realizadas por movimentos sociais são desenvolvidas por pautas de lutas variadas envolvendo desde questões de gênero a questões ambientais.…”

Agroecological Fair as a Differential Space: an Expression of Resistance

“…In the daily life of the city, capitalism's capacity to produce increasingly homogeneous, fragmented and hierarchical spaces (Lefebvre, 2002), awakens the emergence of forms of 3 resistance constructed by social movements, as alternatives to the organization by and for consumption (Naves & Reis, 2017). By entering the field of the arts of doing, of the popular, of the invisible things of the people that, in some way, resist the system of the globalized world (De Certeau, 2014), we seek to analyze the arts of doing as constituents of the fractures through which the agroecological fair emerges as a differentiating space.…”

“…The aim is to provide theoretical contributions when discussing the arts of doing present 2012), Oliveira and Cavedon (2013), Barros and Carrieri (2015), Naves and Reis (2017), Carrieri et al (2018), Teixeira and Silva (2020), Santos andDos Santos (2021), Lunardon (2023) and Martins, Corrêa and Carrieri (2023), promoting discussions that go beyond the functional-rationalist perspective. In the following lines, Lefebvre's theoretical basis on the production of differential spaces is presented; following from De Certeau's arts of making; description of the methodological path; Next, analyzes are made about the agroecological fair as a differentiating space; and finally, the conclusions of the study will be presented.…”

The Construction of Knowledge in the Work of a Tattoo Artist: A Look from the Perspective of Aesthetics

“…Some studies relied on organizational aesthetics to understand the constitution of knowledge within the practice of different professions. Among these, studies with the following focuses stand out: the work practices and the learning process of construction workers (Schiavo, 2010); the learning process of professionals who work with custom furniture -assemblers, architects, and salespeople (Oliveira, 2012); the practical learning of nursing technicians (Brock, 2014); the aesthetic experience in the culinary practice of social actors working in restaurant lounges -the chef and her two assistants (Lopes, Souza, & Ipiranga, 2014); the knowledge and ways of learning in the work of manicures (Gallon, Bitencourt, Viana, & Antonello, 2016); agroecological farmers in Brazil (Naves & Reis, 2017); postgraduate students and teachers at a public university (Söllinger & Antonello, 2020); the knowledge of the work of firefighters involved in a critical event (Gallon, Camillis, Bitencourt, & Pauli, 2020).…”