Desencontros entre formação profissional e necessidades de cuidado aos adolescentes na Atenção Básica à Saúde

Abstract

Objetivou-se discutir aspectos relacionados ao processo formativo de gestores e profissionais da Atenção Básica à Saúde (ABS) no cuidado à saúde do adolescente. Trata-se de pesquisa qualitativa com participação de sete gestores e 17 profissionais da ABS em entrevistas semiestruturadas, dez profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família e 47 adolescentes em grupos focais. A análise foi ancorada na perspectiva hermenêutica-dialética e utilizou o conceito de cuidado integral para balizar o debate teórico. Profissionais e gestores consideram a graduação e a educação permanente incipientes, não abarcando o cuidado integral. O despreparo do profissional foi destacado pelos adolescentes como entrave para vinculação ao serviço. É necessário maior investimento na formação/capacitação dos profissionais como caminho para aperfeiçoar a prática nos serviços da ABS, a fim de torná-los mais coerentes e adequados à lógica de cuidado e às necessidades e aos modos de vida dos adolescentes.

Percepções de Adolescentes Escolares sobre Saúde e Meio Ambiente para Práticas Sustentáveis e Promotoras de Saúde

“…Os resultados encontrados corroboram com estudo realizado em um municipio do sudoeste da Bahia que reconhece à importancia de temáticas que proporcionam o desenvolvimento de um cuidado interdisciplinar, de modo a identificar necessidades que vão além de uma concepção biomédica, superando práticas assistenciais hegemônicas em saúde, o que muitas vezes são evidenciadas em ações e políticas aos adolescentes (Fernandes, 2020).…”

Iniciação sexual na adolescência: narrativas de vida de mulheres

“…A não utilização do preservativo por confiança no parceiro, alegada por uma das participantes pode estar relacionada a falta de autonomia desta, visto que vivemos em uma sociedade machista, na qual as questões sexistas tradicionais ainda predominam. As formas tradicionais de sexismo está associado o conceito de machismo, entendido como o conjunto de crenças, atitudes e comportamentos que revelam superioridade dos homens sobre as mulheres (Fernandes et al, 2020).…”

“…Research, Society and Development, v. 9, n. 10, e2859108336, 2020 (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i10.8336 Na perspectiva dos direitos sexuais e reprodutivos, as adolescentes são, muitas vezes, invisíveis aos serviços de saúde, possivelmente em razão da deficiência formativa dos profissionais de saúde envolvidos no cuidado desta cliente por conta do modelo de ensino conservador, centrado em práticas de intervenção e voltado à medicalização social. Para sobrelevar o status quo no modo hegemônico de produção do cuidado e consequente invisibilidade do adolescente nos serviços de saúde, é premente um maior investimento no processo ensino-aprendizagem dos futuros profissionais de saúde (Fernandes &Santos, 2020;Ferreira et al, 2019).…”

Desafios entre o processo formativo do enfermeiro e a assistência oferecida a saúde do adolescente / Challenges between the process of nurses and the assistance offered by adilescent health

“…Embora o gráfico mostre de maneira positiva a presença de disciplinas relacionadas a saúde do adolescente durante a graduação, existem algumas condutas retrógradas durante o processo de formação, como por exemplo enfatizar ao processo de cuidado ao adolescente apenas temáticas como reprodução/sexualidade, desse modo a abrangência a outros temas é escassa tornando insuficiente o processo de integralidade no atendimento ao adolescente 5 .…”

“…Nas UBS, os adolescentes tendem a buscar atendimento médico e de enfermagem quando possui alguma patologia instalada, assistindo-os apenas no momento das queixas, alguns pontos como falta de sigilo profissional, falta de acolhimento e falta de privacidade são apontados por esse público, ocasionando menor procura para as ações oferecidas, como educação em saúde. A fragilidade que os adolescentes são expostos está além do controle individual, como a exposição ao uso de drogas, violência urbana e gravidez indesejada 5 .…”