RESUMOHá um interesse crescente dos jovens universitários em participar de organizações estudantis como estratégia de preparação para o mercado de trabalho. O objetivo deste trabalho foi realizar uma pesquisa exploratória dessas experiências e seus resultados para os alunos que delas participaram. Foi utilizado como método de pesquisa o estudo de caso, e os resultados indicam que o papel que a organização estudantil desempenhou na vida desses jovens centrou-se muito mais em uma tentativa de suprir a angústia frente ao sentimento constante de insuficiência e às demandas do mercado de trabalho na atualidade que em uma vivência que de fato tenha incrementado a sua empregabilidade.Palavras-chave: gestão de carreira; juventude; subjetividade.
ABSTRACTThere is growing interest of young graduates to participate in student organizations as a strategy to prepare for labor markets. The aim of this study was an exploratory study of these experiments and their results for students who attended them. We took as research method the case study and the results indicate that the role that student organization has played in the lives of these young people focused more on an attempt to overcome the anguish and constant feeling of inadequacy and the demands of the labor market today than in a experience that actually increased their employability.Keywords: career management; youth; subjectivity.
IntroduçãoAo longo das últimas décadas, mudanças visíveis no cenário sociopolítico-econômico mundial ocorreram, produzindo reestruturações em muitos campos da vida humana, em especial no mundo do trabalho. O fenômeno da globalização, juntamente com o uso de tecnologias, de automações inovadoras e de mudanças nos processos de produção das empresas, gerou reflexos no modo como a força de trabalho é percebida e também requisitada. Faz-se necessário, para acompanhar a grande efervescência de inovações e de instabilidade, um trabalhador que atenda a esta demanda. Levando esses aspectos em consideração, as novas relações de trabalho são permeadas, conforme apontam Moraes e Nascimento (2002), principalmente, pela flexibilidade e pela multifuncionalidade, metas e competências.Antunes (2004, p. 9) destaca que no contemporâneo há "uma nova interação complexa entre trabalho vivo e trabalho morto, entre a subjetividade laborativa, em sua dimensão cognitiva e o universo tecnocientífi-co". Esse autor descreve o caráter bidimensional deste processo: em sua dimensão material, a reorganização capitalista viabilizou-se através da reestruturação produtiva, que pode ser definida como uma estratégia de racionalização da produção através da precarização das relações de trabalho; em sua dimensão ideológica, o processo é sustentado pelo discurso político-cultural do neoliberalismo, que converte as relações sociais em ideias que naturalizam e legitimam as condições de exploração do capitalismo atual.Em sua face ideológica, o novo trabalhador é denominado colaborador e deve ser dotado de um complexo sistema de habilidades, competências e atitudes, amplamente desenvo...