Da orientação profissional à inserção laboral de usuários de serviços de saúde mental em empreendimentos econômicos solidários

Abstract

Resumo:Com o movimento da reforma psiquiátrica, refletir sobre a reabilitação de usuários de serviços de saúde mental na sociedade se tornou essencial. Visando à inclusão de usuários de serviços de saúde mental em empreendimentos econômicos solidários e buscando maneiras de favorecer essa inclusão, a implementação de processos de orientação profissional foi tomada como ferramenta potencial. O presente projeto de pesquisa teve como objetivo investigar o potencial do processo de orientação profissional como estratégia para a inserção de pessoas em empreendimentos econômicos solidários. Para coleta de dados foram realizadas entrevistas semiestruturadas com cinco participantes, sendo eles: dois usuários de serviços de saúde mental integrantes do programa de orientação profissional ocorrido em 2010, o técnico executivo responsável pelo acompanhamento do empreendimento econômico solidário onde houve a inserção desses usuários e dois cooperados não usuários de serviços de saúde mental desse mesmo empreendimento. Foi realizado também um exame das atas dos encontros dedicados à orientação profissional e os dados provenientes desse exame foram utilizados como complementação dos dados obtidos nas entrevistas. O tratamento dos dados foi subsidiado pelos pressupostos teóricos da Economia Solidária, da orientação profissional e da desinstitucionalização. Os resultados convergem na direção da orientação profissional como facilitadora da inserção dos usuários de serviços de saúde mental no empreendimento econômico solidário e embora algumas limitações tenham sido encontradas, apontando a necessidade de realizar novos estudos, os resultados permitem concluir que a orientação profissional é uma alternativa viável para facilitar a inclusão laboral dessa população. Palavras-chave: Saúde Mental, Orientação Profissional, Economia Solidária. From career guidance to the labor insertion of users of mental health services in solidarity economy enterprisesAbstract: With the psychiatric reform movement, reflecting on the rehabilitation of users of mental health services in society has become essential. Aiming to include users of mental health services in solidarity economy enterprises and seeking ways to promote this inclusion, career guidance was taken as a potential tool. This research project aimed to investigate the potential of the process of career guidance as a strategy for the inclusion of these users in solidary economy enterprises. Semi-structured interviews were used for data collection. The participants were two users of mental health services that were members of the career orientation program held in 2010, the technician responsible for the solidarity economy enterprise, and two non-users of mental health services. We also carried out Da orientação profissional à inserção laboral de usuários de serviços de saúde mental em empreendimentos econômicos solidários 1

Economia solidária, saúde mental e inclusão: uma revisão de literatura / Solidarity economy, mental health and inclusion: a literature review

“…A presente revisão embora tenha encontrado apenas dez artigos que informassem sobre as experiências na Saúde Mental, traz a partir de análise e síntese de seus resultados que a Economia Solidaria, quando colocada em prática, pode ser uma forma de favorecer a expressão singular de necessidades, desejos e direitos relacionados ao trabalho 13 , promove afeto, retorno financeiro, reconfigurações sociais e familiares 9 ; incentiva o empoderamento, autonomia, e reflexões sobre o trabalho em coletividade 5 , motiva para a autogestão 8 ; contribui positivavemtne para a mudança de concepções sobre o trabalho terapêutico 4 ; favorece a criatividade e o desenvolvimento de habilidades 14 ; possibilita a criação de sentidos, novas relações e de participação 1 e aponta que a orientação profissional tem um papel importante em facilitar a inclusão laboral em empreendimentos econômico solidários 16 .…”

“…Muitas iniciativas de trabalho e geração de renda foram e continuam sendo criadas no Brasil. Foram identificados os recursos para produção de bolsas a partir de banners 17 , a fabricação de produtos de limpeza 8 , a produção e comercialização de ganchos para lona de caminhão 4 , a produção de cartões artesanais e marcadores de livro feitos de papel reciclado, cadernos artesanais, bolsas artesanais feitas a partir de tecidos e materiais recicláveis 14 , a produção e comercialização de papel reciclado 1 e de outros produtos derivados da re- ciclagem 15 , práticas de produção agroecológica de hortaliças 16 , encadernação, mosaico, bijuterias, tricô, jardinagem, reparos hidráulicos, bazar, pintura de pano de prato, cantinas, manutenção de praças públicas, reciclagem de lixo 9 , oficinas agrícolas, culinária, papel artesanal, nutrição, vitral artesanal, construção civil, parceria, gráfica, ladrilho hidráulico, marcenaria, serralheria, eventos, costura e pintura 13 . Observa-se a diversidade dos produtos e serviços desenvolvidos, havendo, porém, uma predominância da produção do artesanato, de produtos agroecológicos, alimentícios, e de serviços de jardinagem, hidráulicos e de construção civil.…”

Grupo de convivência em saúde mental: intersetorialidade e trabalho em rede

“…Embora o conceito ainda esteja em composição e seja utilizado de maneira dispersa por diferentes autores 2 (VIEIRA FILHO; NÓREGA, 2004;ZACCARIN;RIVELLINI, 2000;HAYAKAWA et al, 2010;MARQUES et al, 2010;DESSEN;BRAZ, 2000), alguns trabalhos dão enfoque principal para sua elaboração (SOUZA; SOUZA; TOCANTINS, 2009;JUSSANI et al, 2007;SILVA et al, 2014).…”

“…Sem a pretensão de explorar em maior minúcia as mazelas para o exercício do trabalho em rede, perpassando pelos aspectos da falta de capacitação profissional, da impregnação do modelo biomédico no campo da saúde, da falta de recursos humanos e de investimento público que deem suporte à sua prática, etc. (TRAD; ROCHA, 2011; LOCH-NECKEL et al, 2009;LUCCHESE et al, 2009;OLIVEIRA et al, 2014;SILVA et al, 2014) resignar-me-ei aqui, como epílogo deste item, a ressaltar a necessidade de organização do trabalho em saúde mental -e não só -para proporcionar de maneira concreta a tecitura de relações interinstitucionais e, com isso, propiciar maior suporte ao acompanhamento e ao cuidado a seus usuários.…”

“…Terapia Comunitária, ações de educação em saúde, Grupos de Geração de Trabalho e Renda, práticas corporais e integrativas, grupos de cidadania e controle social, Acompanhamentos Terapêuticos, Grupos de Convivência, etc. proporcionam, em atual configuração social, algumas das possibilidades de atuação de agentes da saúde para a construção e a maximização de trocas sociais, afetivas e comunitárias de sua população-alvo (CHIAVERINI, 2011;FERRO et al, 2012FERRO et al, , 2013aFILIZOLA et al, 2011;BRASIL, 2005;MOURA et al, 2014;SILVA;CORTEGOSO;LUSSI, 2014;KINKER, 2014).…”