SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros NUNES, T. C. M. Democracia no ensino e nas instituições: a face pedagógica do SUS [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2007, 178 p. ISBN: 978-85-7541-530-6. Available from: doi: 10.7476/9788575415306. Also available in ePUB from: http://books.scielo.org/id/7p3wt/epub/nunes-9788575415306.epub. Esta questão encerra, em primeiro lugar, uma esperança e uma consciên-cia crítica. Esperança de que a pedagogia, o trabalho do educador e a escola possam ajudar na constituição de novos sujeitos. Consciência de que ninguém rorma ninguém, ninguém educa ninguém, de que os educadores precisam, também, ser educados. Em segundo lugar, a pergunta aventa a possibilidade de um compromisso desses sujeitos com a vida e a saúde de uma população evitando, propositadamente, chamá-los de sanitaristas, profissionais ou trabalhadores de saúde. Insinua, por outro lado, que o comprometimento com tais ações implica tomar partido pela vida e pela emancipação das pessoas diante dos modos de vida, do Estado e dos modos de produção econômica.Tânia Celeste tem dedicado inteligência, afeto, trabalho e compromisso à causa dos chamados "recursos humanos em saúde'. Como professora, dirigente estadual e nacional dessa área, diretora de escola técnica, vice-presidente da Fiocruz, pesquisadora, militante do movimento da Reforma Sanitária e coordenadora de grupo de trabalho da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), a autora é uma das pessoas mais qualificadas da saúde coletiva na temática da educação e do trabalho em saúde. Ao revisitar um momento de inflexão da saúde pública e de politização da saúde no Brasil, analisa, neste livro, projetos desenvolvidos por duas escolas do sudeste, como traçadores' das mudanças na formação de profissionais voltados para a saú-de da coletividade em instituições hipercomplexas.O livro contém algumas lições: a) mesmo durante a vigência de uma ditadura, é possível conceber políticas alternativas; b) mais importante que definir uma 'imagem-objetivo' é iniciar processos (como ensinam Francisco Assis Machado, o Chicão do projeto Montes Claros, e o pensador argentino Mario Testa); c) a dialética do instituído-instituinte pode ser bem explorada por sujeitos constituídos em um dado projeto.Assim, a resistência contra o autoritarismo e o movimento de democratização da saúde possibilitaram a construção de um projeto com dupla face: a saúde coletiva, de um lado, e a Reforma Sanitária brasileira, de outro. A primeira, construída a partir de uma crítica radical à medicina preventiva, à Saúde comunitária e à saúde pública institucionalizada. E a segunda, a Reforma Sanitária, como expressão da luta pelo direito à saúde e como proposta de mudanças sociais diante da deterioração das condições de saúde da população brasileira nos anos do 'milagre econômico' e da crise das políticas privatizantes, não superada pelos programas especiais e pela Lei n. 6.229/75 que pretendiam organizar o Sistema Nacional de Saúde.Portanto, a inspiração para tal projeto não partia...