A temática dos casamentos com não índios por populações indígenas, prática por vezes associada ao conceito nativo de mistura por coletivos tupi guarani, é o foco deste artigo. Mais especificamente, me interesso em criar uma reflexão comparativa sobre as valorações contrastantes que, segundo a literatura especializada, duas populações categorizadas como “parcialidades” guarani (os Tupi Guarani e os Mbya) conferem a esse tipo de aliança matrimonial. A comparação de três exemplos (Guarani-mbya de Araponga e Parati Mirim, Tupi Guarani de Piaçaguera e Guarani-mbya de Tekoa Mbo’y ty), controlada pelo caso dos Piro do Baixo Urubamba, demonstrará versões de um mesmo esquema relacional em constante transformação no tempo e no espaço. Proponho que, neste esquema, diferentes estratégias (ou escolhas) tomadas na história levam a articulações diferenciais entre distância socioespacial e cálculo genealógico na definição dos afins possíveis