Este trabalho tem como objetivo discutir alguns aspectos do estudo da química desenvolvido no ensino de ciências do 9º ano do ensino fundamental, buscando relações com algumas das principais dificuldades da aprendizagem em química apontadas na literatura. Para isso, analisamos um caderno escolar de ciências de uma aluna de 9º ano e consideramos o livro didático utilizado na época. A análise indicou que existe um excesso de conteúdos trabalhados de forma inadequada nessa série. De modo geral, o ensino de química praticado teve enfoque na memorização e na resolução mecânica de exercícios, que não contribuem para a formação do pensamento químico.ensino de ciências, química, caderno escolar
Discutindo a Química do Ensino Fundamental Através da Análise de um Caderno Escolar de Ciências do Nono AnoA seção "O aluno em foco" traz resultados de pesquisas sobre ideias informais dos estudantes, sugerindo formas de levar essas ideias em consideração no ensinoaprendizagem de conceitos científicos. N a maioria das vezes, a química só começa a ser abordada de maneira explícita no ensino de ciências da última série do ensino fundamental. Não que conteúdos químicos não sejam estudados anteriormente, mas em geral, é no 9º ano que os professores de ciências dividem o ano letivo entre as disciplinas de química e física. Embora esta não seja uma orientação dos documentos oficiais que regem a educação no país, a disciplinaridade ocorre em muitas classes de 9º ano (Milaré, 2008).É importante considerar, no entanto, que cada disciplina cientí-fica concebe o mundo e considera os fenômenos de maneira distinta, atrelando-se a essa concepção aspectos culturais, econômicos e sociais do contexto em que foi desenvolvida (Fourez, 1995). As disciplinas tratam de seu objeto de estudo de maneira característica, delimitando-o conforme seus objetivos. São formas de simplificar a complexidade das situações reais e, de certa maneira, de introduzir os estudantes ao pensamento científico e teórico (Fourez, 1997).Nesse sentido, aprender química consiste não apenas em conhecer suas teorias e conteúdos, mas também em compreender seus processos e linguagens, assim como o enfoque e o tratamento empregado por essa área da ciência no estudo dos fenômenos. A química possui uma forma peculiar de ver o mundo, diversa daquela que os estudantes estão habituados a utilizar. Mesmo que um estudante não empregue o pensamento químico ao abordar sua realidade ou a linguagem química ao se comunicar, ou seja, mesmo que ele não adote uma visão de mundo caracterizada como científica (El-Hani;Bizzo, 2002), apenas compreender essa nova abordagem já é um processo bastante complexo. Isso porque os estudantes possuem concepções e conhecimentos diversos construídos ao longo de sua vida em relações estabelecidas com outros indivíduos, culturas e ambientes.Carlos e Cristina Furió (2000, p. 301) descreveram um panorama das características gerais do pensamento espontâ-neo dos estudantes, afirmando que "a percepção de qualquer Mesmo que um estudante não empregue o pensamento químico a...