“…O Hospital-Colônia Rovisco Pais e as diferentes colônias que lhe serviram de modelo têm sido descritos como lugares de exclusão dos doentes de Hansen neles compulsivamente isolados (Monteiro, 2003;White, 2003;Costa, 2008;Cruz, 2009;Leandro, 2009;Cunha, 2010). Sem pôr em causa a experiência de clausura e segregação por parte dos indivíduos compulsivamente internados no Rovisco Pais, a rutura forçada com a rede de relações sociais em que estavam previamente inseridos e a perda dos seus direitos civis, o meu propósito neste artigo é, sobretudo, mostrar, por meio dos discursos e práticas de Bissaya Barreto, como esse espaço foi arquitetônica, técnica e institucionalmente pensado, em continuidade com o programa político-higiênico mais vasto aplicado por Bissaya Barreto a toda a população da Beira Litoral, como um instrumento de tratamento, controle e educação dos doentes de Hansen, com o primordial objetivo de o tornar um instrumento de profilaxia.…”