Avaliação, ciclos e qualidade do Ensino Fundamental: uma relação a ser construída

Abstract

O texto focaliza implicações das políticas de organização do trabalho escolar em ciclos para a avaliação da aprendizagem, tendo como alvo a democratização do ensino. Toma como referência para essa análise elementos que caracterizam tendências dominantes presentes nas práticas de avaliação de aprendizagem e contribuições presentes na literatura sobre o tema. Para situar a abrangência da implantação de ciclos no território nacional, divulga informações que permitem aquilatar como se distribuem as escolas e matrículas em ciclos, por dependência administrativa das escolas.

Gestores escolares e suas representações sociais de ciclos de aprendizagem

“…Suas colocações coincidem com o que é dito por Barretto (2008) e Sousa (2007), quando argumentam sobre a possibilidade de inclusão a partir dos ciclos. Segundo elas, a proposta é inclusiva, na medida em que garante o Laeda Bezerra Machado direito à permanência na escola.…”

“…Essa proposta de organização da escola tem provocado discussões e mobilizado diversos autores, como Arroyo (1999Arroyo ( , 2007, Barretto (2008), Barretto e Sousa (2004), Fetzner (2007, Freitas (2003), Gomes (2005), Glória (2002), Glória e Mafra (2004), Jacomini (2004), Machado (2007), Machado e Aniceto (2010), Mainardes (2007Mainardes ( , 2008, Sousa (2007), para citar alguns. Nessa literatura, a preocupação em compreender os processos e as consequências da implantação dos ciclos de aprendizagem no sistema educacional brasileiro apresenta-se com diferentes enfoques.…”

“…Por sua vez, Arroyo realça o papel da formação desses docentes para acompanhar as mudanças provocadas pelas políticas de não retenção. Sousa (2007) e Barretto (2008) focalizam o caráter inclusivo dos ciclos, que garantem o acesso à educação como direito de todos, chamando atenção para a necessidade de políticas públicas mais consistentes em termos de qualidade educacional para tornar efetivo esse direito. Barretto (2008) discute os impactos que diferentes formas de organização escolar em ciclos podem trazer para a qualidade do ensino, ao passo que Sousa (2007) dá mais ênfase às práticas de ensino e suas possibilidades de inclusão no sistema de ciclos.…”

Ensino Fundamental de nove anos : politica de integracao ou de conformacao social ?

“…Preocupações com a reprovação ou a não reprovação levam ao questionamento acerca da possibilidade de esses alunos acompanharem as séries seguintes. Sousa (2007) aborda a centralidade da aprovação/reprovação nas relações entre professores, pais e alunos, situando-a como o "produto de um ritual" constitutivo de uma "cultura avaliativa", fortemente impregnada nas organizações escolares. Essa cultura tem direcionado as expectativas e práticas de professores, alunos, pais e outros profi ssionais de educação e, no contexto da implantação do ensino fundamental de 9 anos, volta a polarizar os debates nas instituições escolares, indicando a necessidade de estudos voltados para o aprofundamento desse aspecto, mas principalmente a inauguração de medidas nas diferentes instâncias responsáveis.…”

“…Certamente que contradições históricas que marcam a educação brasileira, inclusive quanto à cultura avaliativa referida por Sousa (2007) Mesmo sem desprezar o questionamento suscitado em torno da compulsoriedade da expansão da duração do ensino fundamental, o retardo na regulamentação da matéria não deixou de produzir consequências. Assim, considerando que na Bahia a oferta do ensino fundamental, sobretudo nos anos iniciais, está fortemente concentrada nas redes municipais, e que muitos municípios não possuem ainda sistemas próprios de educação, o atraso do CEE em publicar as normas para orientar a implantação do ensino fundamental de 9 anos se constituiu num percalço tanto para a disseminação dessa política quanto para a sua implantação na esfera local.…”