RESUMOpresente artigo tem por objetivo descrever e analisar uma experiência de Economia Popular Solidária, levada a efeito pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, sob a ótica da cultura organizacional. A determinação, por parte do poder público local, de um sistema e um processo autogestionários em uma loja que comercializa produtos oriundos de diferentes grupos de artesãos não vem se concretizando de acordo com as expectativas. Para identificar os aspectos que vêm obstacularizando ou auxiliando na implementação da autogestão, utilizamo-nos do método etnográfico e das técnicas de observação participante e entrevistas para desnudar a cultura organizacional. Os resultados apontam para uma fragmentação cultural, com três blocos de artesãs que atuam na mesma loja, compartilhando visões diferenciadas sobre o que seja Economia Popular Solidária: o bloco dos voluntários, o bloco da socialização e o bloco dos beneficiados. A não observância, por parte do setor público, dessa heterogeneidade cultural, acrescida do desconhecimento daquilo que vem a ser o projeto autogestionário da Prefeitura, tem impedido uma ação mais engajada dos envolvidos.
ABSTRACThis article intends to describe and analyze a Solidary Popular Economy experience carried out by the Porto Alegre City Hall from the organizational culture perspective. The local authorities' determination to establish a self-run system and process in a shop that sells products from various groups of artisans has not been meeting expectations. Resources used to identify the aspects that either hinder or help the selfmanagement implementation included the ethnographic method and the participative observation techniques, as well as interviews to expose the organizational culture. Results indicate a cultural fragmentation, with three groups of artisans in the same shop sharing different views on what Solidary Popular Economy is: the voluntaries group, the socialization group and the beneficiaries group. The non-observance of that cultural heterogeneity on the part of authorities, and furthermore the poor dissemination that leads to disinformation about the City Hall's project have prevented a more engaged action by those involved.