“…Especificamente o tema do aborto aparece com força diante do acirramento do conservadorismo no país, bem como de discussões promovidas pelos casos de anencefalia, Zika, microcefalia e violência sexual, que fizeram a questão chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF). Os trabalhos publicados sugerem duas tendências: de um lado, o debate público e jurídico , com etnografias que vão das representações midiáticas às sessões do STF, em que se discutem o estatuto do feto e o conceito de vida (Luna, 2014;Codonho, 2013); de outro lado, os itinerários abortivos, que cobrem desde a realização de abortos clandestinos (Porto; até os serviços de saúde disponíveis para os casos previstos em lei -risco à vida da mulher e gravidez em decorrência de estupro -ou autorizado pelo STF -gestação de fetos anencéfalos (Porto;Costa, 2018). Ao ressaltar a ideia de itinerários abortivos, esses trabalhos mostram que as diferenças socioeconômicas levam a diferentes caminhos em relação ao aborto, com maior segurança para as pessoas de maior poder aquisitivo: "A ilegalidade do aborto no Brasil não impede a sua realização em condições muito diversas que espelham um grave quadro de desigualdades sociais" (Heilborn et al, , p. 1700.…”