ResumoCompreender as especialidades dos médicos no Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente focando naquelas que atuam na Atenção Primária em Saúde (APS) é reconhecer o pluralismo terapêutico necessário no manejo complexo do cotidiano das unidades de saúde, além da multidisciplinaridade que requer abordagem familiar e comunitária, desenvolvendo a longitudinalidade do cuidado e a integralidade da atenção. Com este trabalho pretende-se compreender a percepção do poder público sobre a evolução da medicina do perfil medicalizador para o perfil preventivo atual por meio da proporção das especialidades médicas dos profissionais atuantes no SUS. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de dados secundários para analisar a participação dos Médicos de Estratégia de Saúde da Família (ESF) no total de especializações dos médicos do SUS nos municípios do estado de São Paulo (SP). Para o levantamento destas evidências foram consultadas as informações disponibilizadas em consulta aberta pela plataforma do Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE) a partir dos critérios de interesse para a pesquisa e os dados foram analisados no software estatístico IBM SPSS. Os resultados demonstraram o percentual de médicos de Saúde da Família é inversamente proporcional ao total de médicos do SUS, fato este que corrobora com o modelo biopsicossocial e suas ações de intervenção em todos os níveis, logo quanto maior o município maior o grau de especialização devem ter seus médicos; entretanto, o declínio deste percentual se mostrou muito íngreme, divergente da correlação linear negativa esperada, revelando o número ínfimo de médicos com esta especialidade no estado; considerando o índice do estado de 4,41% como o limiar de avaliação dos municípios de SP, nota-se que a grande maioria deles se concentra bem abaixo dos 5%, mesmo não tendo alto grau de complexidade de atendimentos como esperado para o seu número populacional. Conclui-se que as terapias alternativas, que são baseadas no modelo biopsicossocial de atenção, são pouco abordadas durante o curso de graduação, existe a crescente dependência da medicina em relação à alta tecnologia e, uma grande a rotatividade dos médicos na ESF, especialidade esta que não é plenamente reconhecida e valorizada. Logo, entende-se que o sistema curricular dos cursos de medicina brasileiros ainda não está orientado para dar uma resposta adequada às exigências do atual modelo de saúde preconizado no país.Palavras-chave: Desenvolvimento Territorial. Sistema Único de Saúde. Promoção da Saúde. Atenção Primária em Saúde. Médicos.