“…Percebe-se que: a) há uma interação de mão dupla entre governos e organizações religiosas na implementação de programas sociais ou a representação destas últimas em diversos conselhos temáticos ou de políticas em todos os níveis -federal, estadual e municipal; b) há múltiplas interfaces entre organizações religiosas e outras organizações da sociedade civil (incluindo ONGs, associações locais, sindicatos), em que o tema da religião entra pela via do reconhecimento e respeito à "diversidade" ou de uma miríade de parcerias pontuais ou abrangentes nos projetos de ambos os tipos de entidade; c) não apenas a religião, enquanto traço cultural e identitário, aparece como um caso a mais dessas expressões da "diversidade" ou das demandas feitas em nome de identidades particulares, como também 4. A respeito do perío-do e das mudanças e polêmicas observadas, ver, entre outros, Pierucci (1997); Pierucci e Prandi (1996); Freston (1993Freston ( , 2004; Giumbelli (2002); Machado e Mariz (1999);Oro (2003); Burity (1994Burity ( , 1997; Burity e Machado (2006). ela mesma -nessa esfera específica da "sociedade civil eclesial" -incorpora várias das questões que a sensibilidade cultural envolve (por exemplo, gêne-ro, raça e ambientalismo); d) não é difícil encontrar atores religiosos (pessoas e organizações) em muitas redes e articulações da sociedade civil, local, nacional e globalmente (por exemplo, desde uma rede regional como a Articulação do Semi-Árido, que tem uma ONG evangélica em Recife como forte protagonista -e que sediava, até recentemente, a rede -, à participação de numerosas entidades paraeclesiásticas e ecumênicas nos Fóruns Sociais Mundiais realizados, passando por redes de entidades em defesa de temáticas como direitos humanos, comércio justo, contestação do sistema financeiro internacional etc.).…”