A Inserção E a Atuação Profissional Do Psicólogo No Campo Das Políticas Sociais No Rio Grande Do Norte

Abstract

O objetivo do presente estudo foi investigar a inserção e a atuação profissional do psicólogo no campo das políticas sociais no Rio Grande do Norte. Um questionário composto de quatro partes(dados gerais, formação acadêmica, formação complementar e exercício profissional) foi aplicado em 294 psicólogos inscritos no CRP-17. Os resultados mostram uma inserção significativa do psicólogo no campo das políticas sociais (41%). As características sociodemográficas dos psicólogos não diferem das apresentadas pela literatura: mulheres, jovens, advindas de família com faixa renda de sete a 15 salários mínimos. A maior parte é graduada em instituições públicas e faz especialização na área clínica. Os profissionais estudados aparentam estar em piores condições de trabalho, se comparado com o resto da categoria. Os psicólogos que atuam em instituições de Assistência Social são aqueles que apresentam o maior grau de precarização no trabalho. As atividades desenvolvidas não apresentam novidade, com consolidação de práticas conservadoras ao invés de inovações efetivas, corroborando o questionamento à profissão de não contemplar demandas apresentadas ao profissional de Psicologia no campo das políticas sociais. Com este cenário de reprodução de valores liberais, confirmam-se os padrões clássicos de atuação e difunde-se uma prática a política e acrítica. Reitera-se a importância de estudos críticos, que organize metas para a categoria, com intuito de transformações políticas que contemplem o cenário atual.

Trabalhadoras(es) do SUAS: Quem são as(os) Psicólogas(os) da Proteção Social Básica (PSB)

“…No que se refere à caracterização das(os) participantes em relação ao sexo, não encontramos discordância com os dados já registrados na literatura (Bastos, Gondim, & Rodrigues, 2010;Leão, Oliveira, & Carvalho, 2014;Macedo et al, 2011;Oliveira et al, 2014;Reis & Cabreira, 2013;Seixas & Yamamoto, 2012). Há um predomínio de mulheres: dos 27 participantes do estudo, apenas um é homem.…”

“…Podemos ressaltar a questão de que não existem muitos cursos de pós-graduação no campo das políticas sociais, mas mesmo as(os) trabalhadoras(es) já inseridas(os) e atuantes na área da assistência social optam por ter a formação complementar em uma área considerada mais tradicional. Tal afirmação, referente às investigações no Rio Grande do Norte (Seixas & Yamamoto, 2012), estende-se à pesquisa em questão. E, por último, mas não menos importante, referimo-nos ao contexto econômico com diretrizes neoliberais em que vivemos, que trouxe novas exigências para o mundo do trabalho já elencadas anteriormente e que fez surgir um novo perfil de trabalhadora(or), cada vez mais solicitada(o) a se especializar continuamente para atender às novas demandas do mercado de trabalho (Heloani et al, 2010).…”

Psicologia e Políticas Públicas no Brasil: Convergências nas Práxis do Campo Profi ssional

“…Nesse ínterim de mudanças e de maior atendimento dos propósitos da sociedade sobre a profi ssão, também se observa o aumento de profi ssionais da Psicologia nos campos articulados às Políticas Públicas, com destaque para as de Saúde, Assistência Social, Trânsito e Educação, fazendo com que sejam problematizadas possibilidades dessas experiências as quais tendem a se situar em práticas contra-hegemônicas ao que fora desenhado e praticado na profi ssão até meados da década de 2000 (Oliveira, 2021;Seixas & Yamamoto, 2012;Silva & Carvalhaes, 2016). Esse entendimento encontra consonância nos estudos de Cid et al (2019) e Piasson e Freitas (2022) que demonstram como a Psicologia vem aprimorando seu repertório teórico, técnico e metodológico, para atuar nos mais diversos espaços, em ações individuais, coletivas e multidisciplinares, de modo a determinar seu compromisso social perante a sociedade, atendendo às demandas complexas do nosso país, em diferentes campos de atuação.…”

“…Os direitos sociais como expressão de vida, as Políticas Públicas para ofertar serviços e atendimentos voltados à garantia de direitos, e a Psicologia atuando em múltiplas frentes, na perspectiva da necessidade de aplicação de diferentes estratégias (seguindo as cinco categorias centrais de resultado da pesquisa, por exemplo) assentam o reconhecimento de que a população e as comunidades-alvo das políticas sociais também são sujeitos autônomos da própria história e agentes de transformação do próprio modo de vida, agindo para que as/ os profi ssionais de Psicologia refl itam sobre as melhores ações e práticas, frente a diferentes culturas e modos de vida (Romagnoli, 2022;Seixas & Yamamoto, 2012;Silva & Carvalhães, 2016;Zimath et al, 2020).…”

Psicologia e Direitos das Crianças e dos Adolescentes na Assistência Social

“…Percebe-se que a gestão das políticas públicas da assistência é um campo ainda pouco ocupado por profissionais de Psicologia. Os dados empíricos evidenciam, também, uma rotatividade no cargo de gestor em função da transição de partido à frente dos municípios, que é decorrente de processo eleitoral, o que corrobora a constatação de Yamamoto e Oliveira (2010) e Seixas & Yamamoto (2012), referente às condições de trabalho nas políticas públicas de assistência social, marcadas por alta rotatividade e baseadas em vínculos de "confiança" ao invés de competência, o que pode implicar perda de pessoas estratégicas e prejudicar a eficiência organizacional.…”