A experiência de formação (em) comum de nutricionistas na Unifesp, campus Baixada Santista

Abstract

RESUMO Para discutir a experiência de formação em comum do eixo Trabalho em Saúde, da Universidade Federal de São Paulo, delineou-se estudo qualitativo conduzido por meio de grupo focal, com concluintes do curso de nutrição. Evidenciaram-se tensões não somente entre o específico e o comum nas práticas profissionais, mas na concepção de cuidado e clínica. Efeitos importantes na formação foram relatados, na medida em que as atividades do eixo fizeram um convite à criação e invenção de outros modos de cuidar em nutrição, a partir da contaminação/combinação de áreas profissionais, afastando-se de práticas normativas, insuficientes para dar conta da complexidade da alimentação e nutrição, na atualidade.

Possibilidades de atuação profissional em grupos educativos de alimentação e nutrição

“…Pesquisas 2,22 apontam que os usuários buscam espaços de cuidado que privilegiam a escuta e a abertura ao diálogo. Todavia, já que escutar implica em estar em silêncio, essa habilidade pode causar apreensão no profissional, quando este necessita expressar o seu saber, como foi visualizado no estudo de Frutuoso et al 32 com estudantes do curso de Nutrição que revelaram que escutar é uma ação adicional do escopo profissional. Esse desconforto é consequência de uma configuração enraizada de cuidado nutricional que tem na palavra um conforto, a qual tem sido criticada por apresentar ineficácia na mudança na alimentação 4,32 .…”

O Cuidado Em Saúde Em Cena: Relato De Experiência Na Formação Em Nutrição Na Universidade Federal De São Paulo Campus Baixada Santista

“…Outro sentido comporta o que acontece na produção de estratégias compartilhadas de intervenção, no encontro das diferenças das áreas profissionais, na exploração do 'entre' as áreas disciplinares. 5,6,19 O projeto de cuidado, atividade norteadora do módulo semestral, é construído a partir de visitas domiciliares semanais a um indivíduo/família e inclui a descrição das demandas e necessidades identificadas, das prioridades de saúde assumidas, do estudo da situação acompanhada a partir da fundamentação teórica, dos objetivos e das ações de cuidado propostas. Na perspectiva da clínica comum, a aprendizagem ocorre a partir da experiência dos encontros com usuários, trabalhadores, estudantes e docentes, onde há o distanciamento das formas prontas de cuidar e a criação de ações compartilhadas por todas as áreas profissionais.…”

“…Em contrapartida, os estudantes apontam dificuldades de propor ações compartilhadas de cuidado a partir das demandas e significados para o sujeito e referem receio em perder a identidade profissional em ações para além de aspectos técnicos consolidados na área, como, por exemplo, o diagnóstico nutricional e as orientações dietéticas prescritivas. 6 Inserir os alunos nos cenários de práticas profissionais, na perspectiva adotada pela Universidade, implica, entre outros objetivos, colocar em discussão as condutas de cada área profissional e a concepção de saúde e de cuidado, incluindo aspectos relacionados à alimentação.…”

Grupos educativos de alimentação e nutrição: um cenário promotor da autonomia nas escolhas alimentares

“…As fragilidades da formação dos profissionais sobre grupos e do arcabouço teórico e metodológico sobre EAN podem provocar a reprodução, pelo nutricionista, de ações na lógica preventivista, sendo estas encontradas em grupos desenvolvidos por nutricionistas do NASF, na cidade de São Paulo, como apurado no estudo de VINCHA et al (2014). Essas ações advindas do conhecimento epidemiológico e do conceito de risco de doenças, baseadas em discursos normativos para mudança das práticas alimentares, são, por vezes, insuficientes às necessidades e demandas do campo por negligenciarem dimensões subjetivas inerentes à alimentação e descontextualizarem o processo saúde-adoecimento de um espaço físico, social e relacional da saúde (CERVATO-MANCUSO et al, 2016;FRUTUOSO et al, 2017).…”

“…Para o crescimento desse avanço, com a inclusão das dimensões subjetivas inerentes à alimentação, posto que os alimentos atuam como mediadores de vínculos sociais e possuem funções simbólicas, emocionais e morais (BOOG, 2013), FRUTUOSO et al (2017) convidam pesquisadores e profissionais ao uso de tecnologias compartilhadas e inventivas que se aproximem das questões atuais de alimentação e nutrição, e que criem modos de produzir o cuidado nutricional. Para tanto, em relação às pesquisas, destaca-se as de abordagem qualitativa por permitirem a compreensão da realidade social através do universo dos significados, dos motivos, das crenças, dos valores e das atitudes dos envolvidos (MINAYO, 2014).…”