2006
DOI: 10.1590/s0101-33002006000100007
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A dinâmica da escravidão no Brasil: resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos XVII a XIX

Abstract: Rafael de Bivar Marquese RESUMOO artigo examina as relações entre o tráfico negreiro transatlân-tico para o Brasil, os padrões de alforria e a criação de oportunidades para a resistência escrava coletiva (formação de quilombos e revoltas em larga escala), do final do século XVII à primeira metade do século XIX. Valendo-se das proposições teóricas de Patterson e Kopytoff, sugere uma interpretação para o sentido sistêmico do escravismo brasileiro na longa duração, sem dissociar a condição escrava da condição lib… Show more

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“…A "liberdade" tinha um gosto amargo para Simão: para sustentá-la, ele talvez tenha se visto forçado a demonstrar lealdade incondicional aos Medina, sendo visto pelos demais cativos da propriedade como alguém que passara ao "outro lado". Simão era um dos produtos daquele jogo de privilégios seletivos, oferecidos pelos senhores em troca de lealdades pessoais incondicionais, por meio do qual a classe senhorial intentava dividir a comunidade de africanos e de escravizados e garantir, assim, a estabilidade da ordem escravista (MARQUESE, 2006;FARIA, 2007). Seu "privilégio", efêmero e ilusório, fora também sua ruína: numa crise como a que a propriedade dos Medina vivenciava após a morte de tantos escravos, um africano liminar como Simão era a peça sobressalente que tanto os proprietários quanto os escravos estavam dispostos a sacrificar em prol do restabelecimento da ordem e de algum tipo de "normalidade" -ainda que essa normalidade pudesse assumir sentidos distintos para os proprietários e para os escravos africanos.…”
Section: "Uns Bichos Que Lhe Ferviam Na Cabeça"unclassified
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“…A "liberdade" tinha um gosto amargo para Simão: para sustentá-la, ele talvez tenha se visto forçado a demonstrar lealdade incondicional aos Medina, sendo visto pelos demais cativos da propriedade como alguém que passara ao "outro lado". Simão era um dos produtos daquele jogo de privilégios seletivos, oferecidos pelos senhores em troca de lealdades pessoais incondicionais, por meio do qual a classe senhorial intentava dividir a comunidade de africanos e de escravizados e garantir, assim, a estabilidade da ordem escravista (MARQUESE, 2006;FARIA, 2007). Seu "privilégio", efêmero e ilusório, fora também sua ruína: numa crise como a que a propriedade dos Medina vivenciava após a morte de tantos escravos, um africano liminar como Simão era a peça sobressalente que tanto os proprietários quanto os escravos estavam dispostos a sacrificar em prol do restabelecimento da ordem e de algum tipo de "normalidade" -ainda que essa normalidade pudesse assumir sentidos distintos para os proprietários e para os escravos africanos.…”
Section: "Uns Bichos Que Lhe Ferviam Na Cabeça"unclassified
“…Esses arranjos e concessões, por sua vez, eram justamente o que dava estabilidade às relações escravistas a longo prazo: as alforrias, por exemplo, constituíam uma importante válvula de escape de tensões sociais, coibindo por vezes a emergência de confrontos diretos (MARQUESE, 2006). Desse modo, as pressões dos escravos pela liberdade podem ser encaradas, dialeticamente, como parte constitutiva dos próprios limites, estratégias e formas da dominação senhorial .…”
Section: Liberdade E Solidariedade: Dois Paradigmas De Oposição à Escunclassified
“…ao escravismo, autores comoMarquese (2006), diferenciamquanto às rebeliões, relações de trabalho e possibilidades de alforriasas colônias caribenhas inglesas e francesas das colônias portuguesas. Ademais, nos territórios coloniais portugueses as relações de trabalho escravo apresentaram diferenças de configuração nos plantations, na mineração e nas cidades e vilas.…”
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“…HOLLER, 2006. SANTOS, 2009), analisando-as à luz do arcabouço teórico oferecido por relevantes estudos sobre a escravidão no Brasil (MARQUESE, 2006. SCHWARTZ, 1988).…”
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