Rafael de Bivar Marquese RESUMOO artigo examina as relações entre o tráfico negreiro transatlân-tico para o Brasil, os padrões de alforria e a criação de oportunidades para a resistência escrava coletiva (formação de quilombos e revoltas em larga escala), do final do século XVII à primeira metade do século XIX. Valendo-se das proposições teóricas de Patterson e Kopytoff, sugere uma interpretação para o sentido sistêmico do escravismo brasileiro na longa duração, sem dissociar a condição escrava da condição liberta, nem o tráfico das manumissões.PALAVRAS-CHAVE: escravidão; história do Brasil; tráfico negreiro; alforrias; resistência escrava. SUMMARYThe article examines the relationships between the transatlantic slave trade for Brazil, manumissions patterns and the creation of opportunities for collective slave resistance (formation of maroons communities and large revolts), from the end of the XVIIth century to the first half of the XIXth century. Based on the theoretical propositions of Patterson and Kopytoff, it suggests an interpretation for the Brazilian slave system in the long duration without dissociating the slave condition from the freedman one and the slave trade from the manumissions.
Rafael de Bivar Marquese As desventuras de um conceito: capitalismo histórico e a historiografia sobre a escravidão brasileira
Resumo:Entre 1760 e 1840, o mercado mundial do café passou por uma grande transformação. Na segunda metade do século XVIII, o centro da produção global estava no Caribe francês. Na década de 1840, ele se moveu para o Império do Brasil e a colônia holandesa de Java. As modificações entre um momento e outro se deveram em grande parte aos impactos que a Era das Revoluções teve sobre a geopolítica da economia-mundo capitalista. O artigo analisa essas alterações por meio de um exame integrado dos diferentes espaços envolvidos na economia global do café. Seu propósito central é o de entender a natureza da reconfiguração dos regimes de trabalho compulsório no Brasil e em Java, bem como suas articulações globais. Palavras-chave: Café; Brasil; Java; Segunda Escravidão; Cultivation System. Abstract:Between 1760 and 1840 the world coffee market went through a great transformation. In the second half of the eighteenth century, the center of the global coffee production was in the French Caribbean. In the 1840s, it has moved to the Empire of Brazil and the Dutch colony of Java. Changes between one moment and the other were largely due to the impacts that the Age of Revolutions has had over the geopolitics of the capitalist world-economy. The article analyzes these changes based on an integrated examination of the different spaces involved in the global coffee economy. Its main goal is to understand the nature of the reshaping of compulsory labor regimes in Brazil and Java, and its global articulations. Keywords: Coffee; Brazil; Java; Second Slavery; Cultivation System.
Nos quadros da economia-mundo capitalista do século XIX, o ocidente de Cuba, o baixo vale do rio Mississippi e o vale do rio Paraíba do Sul destacaram-se pelo domínio respectivo que cada qual exerceu sobre a produção mundial do açúcar, do algodão e do café. Nessas regiões, surgiram novas unidades escravistas, cujas plantas produtivas romperam com os padrões anteriormente vigentes no mundo atlântico. O artigo discute como o conjunto de imagens coevas relativas a essas plantations escravistas configurou um regime visual específico. O artigo toma o Vale do Paraíba como unidade de observação, examinando cuidadosamente o caso da fazenda Resgate, localizada em Bananal, São Paulo.
Resumo O artigo analisa as estratégias de administração da paisagem e do trabalho adotadas nas fazendas escravistas de café do Vale do Paraíba ao longo do século XIX. Argumenta que a presença maciça da população africana escravizada, em um contexto local e global bastante turbulento, marcado pela competição entre diferentes produtores mundiais pelo controle do artigo e pelo acirramento da resistência escrava, levou à adoção, pelos senhores, de formas de administração da paisagem de suas fazendas que procuravam restringir a autonomia dos cativos no processo de trabalho.
Há um bom tempo a historiografia sobre a escravidão nas Américas analisa o tema da moradia escrava. O debate nas últimas décadas tem girado em torno da discussão da autonomia escrava e do controle senhorial na construção desses espaços, centrando-se em especial na investigação das matrizes africanas das moradias rurais erigidas pelos cativos. Examino, no artigo, a novidade histórica representada por dois tipos específicos de moradia que apareceram após o segundo quartel do século XIX: o barracão de pátio do cinturão açucareiro cubano (na região de Matanzas-Cárdenas-Cienfuegos) e a senzala em quadra do Vale do Paraíba cafeeiro (no Centro-Sul do Império do Brasil). O trabalho demonstra que houve uma articulação histórica estreita entre esses dois arranjos arquitetônicos, passando pela apropriação de certas práticas do tráfico de escravos em solo africano.
The generation of enlightened LusoBrazilians saw Caribbean slavery agriculture as the model to be emulated in Portuguese America. To do so, at the turn of the eighteenth to the nineteenth century, they translated and published some of texts originally elaborated in the Antilles. In this reformist environment, the coffee culture occupied a place of prominence. To understand the role of this knowledge in establishing the Brazilian coffee culture, the Brazilian case is compared with the Cuban. The intent is to demonstrate that in the Spanish colony, the productive coffee plan of Santo Domingo was implanted, while in Brazil, a plan was created, supported by new standards of agricultural management that were founded on locally knowledge.
Cómo citar este artículo/Citation: Marquese, Rafael (2015), "Paisaje, esclavitud y medio ambiente en la economía cafetalera brasileña: Vale do Paraiba, Siglo XIX", Asclepio 67 (1): p078. doi: http://dx.doi.org/10.3989/asclepio.2015.04 RESUMEN:El artículo analiza las estrategias de administración del paisaje y del trabajo adoptadas en las plantaciones esclavistas del Valle de Paraíba a lo largo del siglo XIX. Sostiene que la presencia masiva de la población africana esclavizada, en un contexto local y global muy turbulento, marcado por la competencia entre los diferentes productores mundiales para el control de este artículo y por la intensificación de la resistencia esclava, condujo a la adopción, por los propietarios esclavistas, de las formas de administración del paisaje en sus haciendas que buscaron restringir la autonomía de los esclavos en el proceso de trabajo y, al mismo tiempo, explotar al máximo su capacidad de trabajo. El resultado de estas formas de administración del paisaje y del trabajo fue un proceso de devastación ambiental sin precedentes. En el momento de la crisis de la esclavitud en la década de 1880, estos patrones históricos se volvieron contra los propios esclavistas, que sin embargo lograron mantener el dominio sobre la tierra por medio de una reconfiguración específica de las formas de explotación agraria.PALABRAS CLAVE: Agricultura; Esclavitud; Brasil Imperio. ABSTRACT:The article analyses the landscape and labor management devices adopted in the nineteenth-century Paraiba Valley slave coffee plantations. It argues that the presence of an enormous mass of enslaved Africans in a turbulent local and global conjuncture framed by world competition between different coffee producers and increasing slave resistance led planters to adopt measures of landscape management that closely restricted slave autonomy in the labor process as they tried to extract the maxim amount of labor from the slaves. The outcome of these forms of landscape and labor management was a process of unprecedented environmental devastation. At the time of slavery crisis in the 1880s, these historical patterns turned against slaveholders, who however managed to maintain dominion over the land by means of a specific reconfiguration of the forms of agronomic exploitation.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.