O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) objetiva contribuir para o desenvolvimento biopsicossocial, o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis nas escolas públicas brasileiras, mas, em território quilombola, a oferta das refeições pelo programa, muitas vezes, conflita com a história e a identidade alimentar dos grupos. Neste artigo, analisamos a relação do quilombo de Umarizal, Baião, Pará, com a merenda escolar, mostrando como os sujeitos locais percebem o programa e como ele participa da realidade sociocultural local. Para isso, usamos metodologias qualitativas, como observação direta, entrevistas e grupo focal. Os dados foram analisados segundo os parâmetros da pesquisa etnográfica. Os resultados evidenciam que há uma descontinuidade entre o PNAE e a cultura alimentar do quilombo, causando descompasso entre o alimento oferecido na escola e a cultura local. Cumpre corrigir esse desencontro para equalizar as oportunidades ao aprendizado dos estudantes em todo o país.