2021
DOI: 10.1590/1413-812320212611.10442021
|View full text |Cite
|
Sign up to set email alerts
|

A colonização do saber epidemiológico: uma leitura decolonial da contemporaneidade da pandemia de COVID-19

Abstract: Resumo O ensaio epistemológico relaciona criticamente a epidemiologia com a pandemia de COVID-19 enquanto evento social. Explora-se a reflexão filosófica em que Agamben define contemporâneo como quem é capaz de se afastar e enxergar o lado escuro do seu tempo. À luz da crítica decolonial, questionam-se a ideia de “transição epidemiológica”, com sua transcendência na teoria dos “determinantes sociais de saúde”, e a disposição binarista das varáveis epidemiológicas, como suportes da estruturação quantitativa e b… Show more

Help me understand this report

Search citation statements

Order By: Relevance

Paper Sections

Select...
3
2

Citation Types

0
0
0
7

Year Published

2022
2022
2022
2022

Publication Types

Select...
4

Relationship

1
3

Authors

Journals

citations
Cited by 4 publications
(7 citation statements)
references
References 17 publications
0
0
0
7
Order By: Relevance
“…A postulação de que a incorporação de elementos decoloniais deve proporcionar ao conhecimento epidemiológico consistência na contraposição à colonização e aos racismos constitui apontamento de Sevalho 47 , ao referir-se a uma "colonização do saber epidemiológico" embutida na formulação original do conceito de "transição epidemiológica". Reportando-se à contemporaneidade da pandemia de COVID-19, o autor afirma que a ideia de substituição das doenças infectocontagiosas pelas não infecciosas, e sua ancoragem num tempo linear evolucionista que se inicia com a modernidade europeia universalizada, compõem a fundamentação colonizadora da construção conceitual, na qual alinhamse a pretensão de dominação da natureza pela ciência e a subordinação epistemológica à biomedicina ocidental.…”
Section: Buscando Contribuições Do Pós-colonial E Do Decolonial Para ...unclassified
See 1 more Smart Citation
“…A postulação de que a incorporação de elementos decoloniais deve proporcionar ao conhecimento epidemiológico consistência na contraposição à colonização e aos racismos constitui apontamento de Sevalho 47 , ao referir-se a uma "colonização do saber epidemiológico" embutida na formulação original do conceito de "transição epidemiológica". Reportando-se à contemporaneidade da pandemia de COVID-19, o autor afirma que a ideia de substituição das doenças infectocontagiosas pelas não infecciosas, e sua ancoragem num tempo linear evolucionista que se inicia com a modernidade europeia universalizada, compõem a fundamentação colonizadora da construção conceitual, na qual alinhamse a pretensão de dominação da natureza pela ciência e a subordinação epistemológica à biomedicina ocidental.…”
Section: Buscando Contribuições Do Pós-colonial E Do Decolonial Para ...unclassified
“…A composição de variáveis objetivas, fechadas, referidas a sexo, ocupação/renda, cor da pele, integra a quantificação constitutiva da epidemiologia dos fatores de risco e desqualifica a complexidade de gênero, classe e raça. No que toca à relação entre saúde e doença, a referência aos binarismos pode envolver, para Sevalho 47 , a consideração de Almeida Filho 53 sobre a dificuldade que tem a Epidemiologia para categorizar saúde, em razão de sua subalternização ao conhecimento biomédico focalizado na doença. O fracasso da Clínica e da Epidemiologia em afirmar a saúde, explicitado por Almeida Filho, pode ser remetido ao sentido de exclusão mútua, hierarquização dos termos e apagamento das dimensões culturais, sociais, políticas do processo saúde-doença-cuidado.…”
Section: Buscando Contribuições Do Pós-colonial E Do Decolonial Para ...unclassified
“…A crise sanitária e humanitária instalada globalmente pela pandemia da Covid-19 adensou o debate sobre os modos de cuidado com a saúde, em que pese o limite das abordagens biomédicas e hospitalares pautadas no conhecimento provisório e contingencial sobre o vírus causador da doença (Sars-Cov-2) 1 . Também evidenciou fraturas sociais e desigualdades aprofundadas pelo desmonte neoliberal das políticas públicas, tendo, entre muitos efeitos, a fragilização da capacidade de os serviços de saúde responderem à crise em virtude de problemas históricos como o subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e a consequente precarização da estrutura e da organização desses serviços 2 .…”
Section: Introductionunclassified
“…A familiaridade com os problemas locais 1 e as experiências acumuladas tornaram possíveis a mobilização social e o trabalho comunitário e solidário como estratégia para enfrentar a pandemia. Lamentavelmente, a renegação dos movimentos sociais 1 e o avanço do epistemicídio de saberes populares têm ocasionado o desperdício das suas experiências, que são fundamentais para a Saúde Coletiva por potencializar as práticas locais de saúde nas dinâmicas territoriais, assim como as aprendizagens elaboradas por fontes sociais e culturais diversas, corporificando amplos repertórios de cuidados de base comunitária, tradicional e ancestral advindos das cosmopercepções africana e ameríndia.…”
Section: Introductionunclassified
“…Iniciativas em várias esferas do conhecimento têm acontecido, como nas ciências sociais (LANDER, 2005;QUIJANO, 2002), na educação (CAMARGO; MALDONADO, 2021;SILVA JUNIOR;IVENICKI;2021;CANDAU, 2010), na saúde (SEVALHO, 2021;GONÇALVES et al, 2020) e, no campo da educação física, não é diferente. Na perspectiva de crítica, o ensinar e aprender esportivo embasados nas premissas positivistas e hegemônicas do gesto esportivo, Almeida e colaboradores (2021) indicam que propostas metodológicas, analisadas no âmbito da ginástica, mais precisamente na Ginástica para Todos (GPT), têm revelado uma prática corporal com potencial emancipatório, visto que sua forma de trabalho dá liberdade para um processo que ocorre por meio de um posicionamento crítico e político, da interculturalidade e coletividade que promove a experiência de compartilhamento e fomenta o sentimento de pertença.…”
Section: Introductionunclassified