RESUMO: O presente texto é parte de uma pesquisa etnográfica sobre saberes e práticas populares em educação em saúde realizada de 2015 a 2017, no Quilombo Machadinha, e propõe-se a pensar o processo educativo do jongo pela perspectiva da filosofia africana e do conceito de identidade cultural. A primeira parte apresenta o jongo como prática afroancestral, característica dos quilombos do sudeste fluminense. A segunda aponta para os elementos filosóficos afrocentrados dessa dança. A terceira e quarta partes expressam os elementos que compõem o ensino do jongo: linguagem oral, o saber da experiência e a identidade cultural. Por fim, anuncia-se seu potencial de reorientação do ensino formal.
ResumoEste artigo tem como objetivo abordar como os princípios da Educação Popular contribuem para a construção do currículo do curso de Nutrição de uma instituição pública federal, que passou pelo processo de interiorização universitária. Especialmente quatro disciplinas elegeram os princípios da Pedagogia Freiriana como referência teórico-metodológica para apresentar e discutir conteúdos referentes à segurança alimentar e nutricional e à humanização no âmbito da saúde, visando ao enfrentamento das distintas desigualdades que ocorrem no município de Macaé, Rio de Janeiro. Consideramos que o processo de interiorização das universidades públicas federais viabiliza a articulação entre a universidade e a comunidade local na perspectiva da construção conjunta de saberes e da promoção da autonomia. Utilizamos o caminho metodológico da análise documental do Projeto Pedagógico (PP) do curso e entrevistas com docentes das referidas disciplinas. A educação popular contribui para a formação do nutricionista, sobretudo, pela superação do modelo tecnicista biologicista, auxiliando na estruturação de um perfil educador, capaz de contribuir para a autonomia dos sujeitos e o autocuidado em saúde. Palavras-chaveFormação em Nutrição. Educação Popular em Saúde. Currículo. AbstractThis article aims to address how the principles of Popular Education contribute to the curriculum of a federal public university, especially for the construction of four disciplines that elected Popular Education and the principles of Freire's Pedagogy as a methodological reference, aiming to promote food and nutritional security and awareness of citizenship and humanization in health, to address the inequalities related to food, with the local community. We consider socioeconomic transformations that took place in Macaé, State of Rio de Janeiro, and the process of interiorization of federal public universities, which makes possible the articulation between university and society, with a view to joint construction of knowledge and autonomy promotion. We used methodological approach of documentary analysis of Pedagogical Project of Course (PPC) and interviews with teachers of disciplines of the mentioned course. The popular education contributes to nutritionists formation, mainly by overcoming the biologicist technical model, helping in the construction of an educator profile capable of contributing to the subjects' autonomy and self-care in health.
Resumo Este artigo apresenta e discute elementos históricos de luta e resistência quilombolas, aspectos significativos para a produção de saúde e defesa da vida nesses territórios. Articula e tece reflexões sobre a importância e os limites da Estratégia Saúde da Família no reconhecimento, na valorização e na integração de saberes e práticas de comunidades quilombolas ao cuidado profissional em saúde com foco em seus processos de trabalho. Trata-se dos resultados de uma pesquisa-ação participativa em saúde desenvolvida com trabalhadores de uma unidade de Saúde da Família em uma comunidade quilombola no norte do Rio de Janeiro no período da pandemia da Covid-19. Concluiu-se com a pesquisa que, apesar das potencialidades da Estratégia Saúde da Família, os desafios para a integralidade da atenção à saúde no território estudado tendem a comprometer o protagonismo da comunidade - especialmente das mulheres - e a efetividade do cuidado. Não são valorizados, no âmbito da Estratégia, saberes, experiências e memórias ancestrais de cuidado do quilombo - aspectos com pouco rebatimento na atenção territorializada da saúde e, por conseguinte, distantes de uma política pública de direitos.
Este artigo se apoia na sistematização de experiências de Oscar Jara para reconstruir os caminhos de uma pesquisa-ação participativa em saúde nas comunidades rurais com base em experiências de prevenção e cuidado à saúde no enfrentamento da Covid-19. Desde junho de 2020 temos desenvolvido experiências de Educação Popular em Saúde (EPS) no campo, pautadas pela pedagogia freiriana nos territórios do norte e na baixada litorânea do estado do Rio de Janeiro, especificamente áreas de reforma agrária vinculadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra; em um território quilombola; e em um coletivo de mulheres interligado à Articulação de Agroecologia Serramar. A análise dessas experiências aponta alternativas pedagógicas produzidas pelo encontro entre saberes acadêmicos e populares, buscando amparo na comunicação popular, no protagonismo das comunidades rurais, em especial de mulheres, como produtoras de conhecimento, práticas de cuidado e de resistência.
This article is founded on the systematization of Oscar Jara’s experiences to rebuild the paths of Participatory Action Research in Health in rural communities based on experiences of prevention and health care in coping with Covid-19. Since June 2020, we have been developing popular education experiences in rural health guided by Paulo Freire’s pedagogy in northern territories and in the coastal lowlands of the state of Rio de Janeiro, specifically in areas of agrarian reform linked to the Landless Workers Movemen (MST); a quilombola territory; and a women’s collective connected to the Working Group of Women of the Serramar Articulation of Agroecology (GT Mulheres Serramar). The analysis of these experiences points towards pedagogical alternatives produced from academic and popular knowledge, seeking support in popular communication, in the protagonism of rural communities, especially with regard to women as producers of knowledge, care practices and resistance.
This article presents and debates historical elements of quilombola struggle and resistance as significant aspects for the production of health and defense of life in these territories. We articulate and reflect upon the importance and limits of the Family Health Strategy in the recognition, appreciation and integration of knowledge and practices of quilombola communities to professional health care focusing on their work processes. This study results from a participatory health research developed with workers of a Family Health Strategy in a quilombola community from north of Rio de Janeiro (Brazil) during the COVID-19 pandemic. We concluded that, despite the potential of the Family Health Strategy, the challenges for comprehensive health care in the territory studied tend to compromise the community’s protagonism - especially that of women - and the effectiveness of care. Quilombola knowledge, experiences and ancestral memories of care are not valued within the scope of the Family Health Strategy. These aspects have little impact on territorialized health care and, therefore, far from a public policy of rights.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.