Discute-se a aplicação interdisciplinar de conceitos ao campo da Saúde Coletiva, e explora-se a relação do conceito de vulnerabilidade, em sua dimensão social, com a Educação em Saúde, na perspectiva da fundamentação elaborada por Paulo Freire. No desenvolvimento da Saúde Coletiva, marcado pela complexidade do jogo político, perde-se a radicalidade crítica e afloram propósitos neoliberais de conceitos afeitos à participação popular, como os de promoção da saúde e empoderamento. Vulnerabilidade remete ao sentido de fragilidade e é termo presente em diferentes campos temáticos, particularmente naquele dos Direitos Humanos. Não é conceito especialmente trabalhado por Freire, embora suas representações na Saúde Coletiva permitam pensá-lo juntamente com autonomia e dependência no contexto das relações de opressão social que constituem enfoque central na reflexão freireana, e com este sentido deve se fazer presente na Educação Popular em Saúde.
Maciel, 2360 -7º andar. Belo Horizonte, MG, 30180-112, Brasil. A APRESENTAÇÃO, UMA DEFESA DE PROPÓSITOS Quando apresento uma abordagem histórica das representações de saúde e doença, é necessário que aponte meu ponto de vista. Devo localizar no espaço do conhecimento o lugar de onde parte meu olhar. Desta localização depende o que podemos visualizar.Inicialmente, quero contar o que li há pouco num artigo de Everardo Duarte Nunes (1992). Trata-se de uma citação de uma autora norte-americana (Fox, 1985) sobre os quarentões como eu, quando, "na plenitude de sua melancolia", não se tornam cinqüentões, mas, sob a ameaça do crescimento desta melancolia na década seguinte, voltam-se para trás e tornamse historiadores. Não sou um historiador de ofício e talvez a constatação anterior justifique a pretensão deste ensaio. Qual seja a de consultar o passado para melhor sentir as inquietações do presente.Ao trafegar numa ambientação histórica, onde as representações sociais envolvem a saúde e a doença, faço-o através de projetos e propostas mais recentes, ligadas a uma conformação determinada da Ciência da História. Refiro-me, então, à ordem simbólica, que é o que dá vida à realidade, pois é onde se movimentam os corpos e as imagens, onde se expressam as ambigüidades humanas, os pensamentos, sensações, ações e atitudes que refletem as representações coletivas. Neste contexto, utilizo alguns conceitos e noções que desejo comentar. Vale dizer ainda que, ao identificar a história como um saber interpretativo da memória coletiva (Birman, 1991) e compor minha exposição com aportes da chamada história nova dos Annales, o recurso ao emprego de noções, enquanto elementos mais imprecisos e mais abertos que os conceitos (Minayo, 1992), é necessário.Vem da história nova da escola dos Annales, nascida a partir da fundação da revista Annales D'Histoire Économique et Sociale por Lucien Febvre e Marc Bloch em 1929, a perspectiva alternativa da "longa duração" para o tempo histórico. Fernand Braudel, o grande historiador da segunda fase dos Annales das décadas de 1950 e 60, atribuía ao tempo longo uma consistência maior do que ao tempo curto da tradicional história dos acontecimentos. Uma postulação que, posteriormente, opôs também uma história cultural ao fôlego curto de uma história
Resumo Determinação social da saúde e determinantes sociais da saúde têm se apresentado como sinônimos em um contexto de retomada do tema. A concepção de determinação e determinantes e a historicidade desses modelos teóricos transcende o plano acadêmico, ao se considerar a particularidade envolvendo saúde pública, saúde coletiva e medicina social, em que ciência e política se relacionam estreitamente. Ao se delinearem diferenças entre essas denominações, procura-se neste ensaio recuperar, no plano teórico, a elaboração de determinação social da saúde, destacando sua relação com o conhecimento produzido na América Latina e sua repercussão no Brasil, bem como as influências dos paradigmas científicos, epistemológicos, arcabouços teóricos e projetos em disputa nesse campo. Para abranger dimensões políticas e acadêmicas que os modelos teóricos comportam, recorremos ao auxílio de autores que transitam entre diferentes campos de conhecimento. Sem a pretensão de esgotar todos os possíveis pontos de contemplação que nossa incursão proporcionou, apresentamos uma síntese de nossa concepção do modelo teórico de determinantes sociais da saúde e sobretudo de determinação social da saúde, que propomos desmembrar em duas categorias, determinação estrutural e determinação estrutural-relacional, para, ao enfatizar epistemologicamente a complexidade, permitir melhor contemplação de avanços teóricos e metodológicos.
Resumo: Apresentam-se, em um ensaio crítico, a ideia e os fundamentos da vigilância civil da saúde. Trata-se de proposta elaborada por Victor Valla na década de 1990, que incorpora à vigilância em saúde a participação da população por meio da educação popular de Paulo Freire. Com o aporte de recursos da Antropologia Interpretativa e da História Nova, faz-se um contraponto entre a vigilância em saúde tradicional, modelada pela vigilância epidemiológica, e a vigilância civil da saúde. Evidenciam-se, então, permanências culturais marcantes na prática da vigilância em saúde desenvolvida hegemonicamente no Brasil. A prerrogativa de cientificidade, que leva à subordinação ao modelo clínico biomédico, a vinculação política à ideia de segurança social e o critério imperativo de urgência, características da vigilância em saúde tradicional, bloqueiam ou dificultam a participação popular. Ao final, vinculase a vigilância civil da saúde à epistemologia do sul de Boaventura de Sousa Santos. O desenvolvimento da vigilância civil da saúde, que incorpora a participação popular à vigilância em saúde, vem ao encontro das propostas historicamente inscritas na concepção e na evolução da saúde coletiva e do SUS. Palavras-chave: vigilância em saúde; vigilância civil da saúde; educação popular e saúde.
METHODS:The cross-sectional methodological approach was used; 533 patients aged 17 or older were interviewed, between June and December, 2000. Data were submitted to bivariate and multivariate analyses. RESULTS: More than two thirds of the interviewed population reported the use of nonsteroidal anti-inflammatory drugs in a period of 1 month before the upper endoscopy. The most used nonsteroidal anti-inflammatory drugs were acetylsalicylic acid and diclofenac. An association was clearly shown between the use of these drugs and the occurrence of the studied lesions, with the latter attaining significance. There was also a significant association between nonsteroidal anti-inflammatory drugs use for a period greater than 15 days and the occurrence of the gastric lesions, with a higher odds ratio than for the other comparisons. CONCLUSIONS:The results suggest that nonsteroidal anti-inflammatory drugs have a significant association with the occurrence of the gastric lesions and point to the need of further study of this issue in Brazil.
Utilizando o tempo como elemento de composição interdisciplinar, discute-se o conceito de risco epidemiológico reconhecendo-se o "homem dos riscos", criado pelo epidemiologista Naomar de Almeida-Filho, e o "homem lento", criado pelo geógrafo Milton Santos. A crítica de Jean-François Lyotard apontando a ciência como discurso que desconsidera a narrativa popular é usada na argumentação. O homem lento resiste à fragmentação das identidades imposta pela globalização, tecendo criativamente a solidariedade no lugar; o homem dos riscos será o da velocidade, da modernidade, impondo uma ordem padronizadora, individualista e competitiva. O risco epidemiológico é pensado na proximidade do território e do lugar, contrapondo-se a concretude do homem lento à artificialidade do discurso epidemiológico povoado pelo homem dos riscos. A Epistemologia do Sul de Boaventura de Sousa Santos, com suas sociologias das ausências e das emergências, toma por base esta perspectiva crítica, propondo uma prática científica politicamente comprometida com a justiça social, privilegiando o saber popular.
In an examination of epidemiology and social time, this paper argues that the time IntroduçãoNossas vidas estão inexoravelmente marcadas pelo tempo. Embora raramente fixemos a atenção nisto, haverá sempre um tempo marcando nossa existência, nossas emoções, sucessos e desilusões. Nossas lembranças, onde habitam as imagens que temos das pessoas e do mundo, são forjadas pelos sentidos que temos do tempo. Nosso pretenso conhecimento da realidade, a ciência, o juízo que fazemos das "coisas, nossas crenças e valores, armazenados em nossas memórias, e nossos projetos e sonhos, são construídos sobre as representações que fazemos do tempo.Ao se referir ao tempo e ao espaço, Harvey (1993, p-187) aponta-os como "categorias básicas da existência humana". No entanto, para o autor, raramente discutimos o seu sentido, "tendemos
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