Ativismo negro e religioso: o caso da Frente Parlamentar de Terreiros no Congresso Nacional Brasileiro

Abstract

O artigo analisa a atuação da Frente Parlamentar de Terreiros no Congresso Nacional entre as 54-ª e 55-ª legislaturas, com o objetivo de refletir sobre modalidades de inserção pública de religiosos de matriz afro-brasileira na política. Para tanto, acompanhei eventos de lançamento da Frente em Brasília e realizei entrevistas com articuladores e deputados a ela integrados. A defesa da liberdade e a luta por reconhecimento atravessam suas distintas formações.

Secularization, secularism and laicidade in Brazil: Rethinking global theoretical assumptions

“…Despite the social significance of Candomblé and other religions of African origin, there are almost no studies dedicated to understanding the relationship between members of other religions and secularism. Two recent exceptions are the work by Hartikainen (2018, 2021) and Vital da Cunha (2021b). Hartikainen addresses the issue of legal regimes for complaints of violence and religious intolerance—showing the link between religion and race based on secularism and state responses while Vital da Cunha shows the creation of the “Frente Parlamentar de Terreiros” (an Afro‐Religion Caucus) to influence political representatives and governmental decisions from a left‐wing perspective supported by the black movement to counterbalance Pentecostal attempts to disrupt the secular State.…”

“…The bellicose nature of several Pentecostal churches became a topic of concern, as there was a continued demonization of African possession cults and accusations of idolatry against the Catholic Church. This conflict also became the subject of research, above all because addressing the political resistance against intolerance and the struggle for religious freedom and life itself (e.g., de Miranda, 2021; Oro, 1992, 1997; Silva, 2007; Vital da Cunha, 2021b).…”

“…Even more recently, Afro‐Brazilian religious members articulate with black movements and other non‐religious instances to push their demands as part of Brazilian culture and heritage, bypassing the concern with religious influence in a secular state, an argument often used by Catholics. In short, Vital da Cunha (2021b) demonstrates that minority religions may use strategies similar to previously hegemonic religions, reshaping themselves as Culture to subsist in a perilous environment without disrupting the established social norm of secularity. Central to this debate is Giumbelli's (2013, 2016) contribution to the regulation of religion by the state, showing how the latter makes religion in its territory.…”

Religiões e Raça

“…Percebe-se um intenso movimento de politização do religioso (Asad 1993), de politização da cultura (Wright 1999) e de politização de identidades (Araújo 2013), além de um imbricamento entre religião, cultura e política (Mafra 2011;Sant'Anna, 2017;Giumbelli 2016) Contudo, essa maior diversidade religiosa não impediu que religiões afro-brasileiras deixassem de ser atacadas. Ainda que essas práticas sejam direcionadas, também, a outras religiões minoritárias, como nos casos das casas de reza indígenas, é possível dizer que a violência física e simbólica contra religiões no Brasil continua direcionada, em sua maioria, às religiões de matriz africana (Silva 2007(Silva e 2015Tavares & Chagas 2021;Vital da Cunha 2021). Como nos mostra a literatura, esses ataques são realizados, ainda que não exclusivamente, por evangélicos, em sua maioria de origem pentecostal (Almeida 2009), que percebem as religiões atacadas como "demoníacas" (Almeida 2003, Silva, 2007Rocha et al, 2011).…”