Analisamos neste artigo a construção do Marco Zero e do Museu da Umbanda, espaços de memórias da umbanda no município de São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro, e as controvérsias em torno dos vários segmentos das religiosidades afro-indígenas na construção de uma identificação étnico-racial advinda desse projeto e como parte de uma estratégia de luta contra o “racismo religioso”, em face das adversidades resultantes tanto das atitudes intolerantes do mandato da prefeita Aparecida Panisset quanto do atual governo municipal.
O presente trabalho analisa a disputa de narrativas empreendidas em torno da construção do campo religioso umbandista, entre os anos 40 e 50. Avaliamos a partir da trajetória de Tancredo da Silva e a sua defesa da umbanda omolocô, a disputa entre distintos segmentos da religião. Grupos que defendiam uma umbanda mais espírita, portanto mais sincretizada com elementos que a tornassem mais brasileira e outros que buscavam uma maior proximidade com a África e, portanto, com o candomblé. Sendo assim, ao buscar apresentar uma origem no continente africano para a umbanda, Tancredo estaria construindo uma identidade africana para a religião dialogando com a ideia de diáspora africana.
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