Neste trabalho, abordamos questões relativas às situações de pobreza vivenciadas por uma parcela significativa dos trabalhadores brasileiros na contemporaneidade. Na parte inicial do artigo revisamos autores que tratam da questão da pobreza, seja através das idéias de marginalização, inclusão marginal ou desqualificação social. Entende-se que a reconstrução histórica do processo de desqualificação social pode ajudar a compreender como as estruturas sociais impõem-se aos atores com poder constitutivo, forjando modos de subjetivação e atuando sobre a base psicossocial dos indivíduos. Na segunda parte, propomos a utilização de conceitos teóricos de Boaventura de Sousa Santos na pesquisa social com sujeitos em situação de desqualificação social, como referencial capaz de dar conta (pelo menos parcialmente) da compreensão dessa complexa realidade.Palavras-chave: Pobreza, Desqualificação social, Sociologia das ausências.
Conceptuals possibilities of sociology of absences in contexts of social unqualificationIn this work, we develop issues on situations of poverty experienced by a significant share of Brazilian workers in contemporaneity. In the first part of the article, we review authors who deal with poverty issues, be it through the ideas of marginalization, marginal inclusion or social unqualification. It is assumed that the historic reconstruction of the social unqualification process can help understand how social structures stand out before actors with constitutive power, making up subjectivation modes and acting on the psychosocial base of individuals. In the second part, we propose the usage of theoretic concepts by Boaventura de Sousa Santos in his social research with subjects under situation of social unqualification, as a referential source capable of explaining, at least partly, this complex reality.Keywords: Poverty, Social unqualification, Sociology of absences.A pobreza e a desqualificação social s transformações sofridas pelo mercado de trabalho, eventualmente, têm se constituído em situações catastróficas para o trabalhador, uma vez que implicam na sua exclusão ou na inclusão precária nesse universo. Assim, a precarização das relações de trabalho, intensificada com a adoção de procedimentos que priorizam a substituição do trabalho vivo por trabalho morto, tem fragilizado sobremaneira a situação dos trabalhadores em geral, inclusive os mais qualificados, mas com maior gravidade entre os menos qualificados (Antunes, 1999). Em decorrência, observa-se um grave processo de degradação do trabalho e do trabalhador, com efeitos dessocializantes no âmbito das famílias trabalhadoras e no aperfeiçoamento da cidadania (Ivo, 2001
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