1 Docente e pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) e Pesquisadora associada ao grupo de pesquisa em economia solidária e cooperativa (ECOSOL) -Porto Alegre -Brasil -mariliav@unisinos.brResumo: O texto parte de um estudo qualitativo, com base na metodologia sociopoética e teoricamente apoiado na sociologia crítica de Boaventura de Sousa Santos, especialmente a sociologia das ausências e emergências e a perspectiva das epistemologias do Sul. A pesquisa foi conduzida junto a cooperativas e associações de reciclagem na região da grande Porto Alegre-RS. O objeto são os saberes e as práticas sociais produzidas em contextos de vida coletiva entre trabalhadores pobres que têm no associativismo para catação e tratamento de material reciclável urbano uma alternativa para melhorar suas condições de vida e produzir seu cotidiano. O saber não é tido como algo da ordem do cognitivo exclusivamente, mas envolve visões de mundo, percepções e representações que abrangem expressões identitárias e sócio culturais desses sujeitos. Apesar dos avanços em termos de organização em grupos autogestionários, o conjunto das pesquisas sobre catadores mostra que a precariedade e a marca da desqualificação social ainda permanecem nas suas vivências cotidianas; a inserção econômica é limitada e a renda obtida, nem sempre suficiente. Apresentam, contudo, indícios de capacidade de produzir processos de mudança das suas condições de vida, inserindo-se num contexto de participação política e acesso a políticas públicas de fomento. Desejam aprender e compartilhar conhecimento e conscientizam-se que representam a base da cadeia produtiva de reciclagem no Brasil.Palavras-chave: empreendimento econômico solidário; catadores; reciclagem; sociologia das ausências e emergências; sociopoética; subjetividade e trabalho.
O rganizações econômicas alternativas ao mercado e ao Estado, ou às lógicas respectivamente das empresas de fins lucrativos e da administração pública, são um fato contemporâneo corrente que tem ensejado investigações empíricas, análises e teorizações sucessivas (Razeto, 1990; Santos, 2002a;Nyssens, 2006). Os atores sociais engajados em sua promoção referem-se a essas organizações aludindo por vezes a conceitos consagrados historicamente e classificando-as, então, como formas novas de associativismo ou cooperativismo. No contexto latino-americano, contudo, tem sido mais comum designá-las por meio de expressões surgidas na década de 1990, como economia popular solidária ou simplesmente economia solidária. Esse último termo ganhou vigência e oficialidade no Brasil à medida que despontaram iniciativas econômicas notabilizadas por suas práticas de autogestão e de mutualismo na esfera econômica, vindo a abarcar variadas modalidades de organização, como unidades informais de geração de renda, associações de produtores e consumidores, comunidades autóctones e cooperativas populares, dedicadas à produção de bens, à prestação de serviços, à comercialização e ao crédito.Até o momento, apenas as associações e as cooperativas dispõem de um marco jurídico próprio no Brasil. Esse quadro legal, porém, mostra-se inapropriado às organizações que se multiplicaram nas últimas déca-das como partícipes de uma nova onda de solidarismo, pois elas se http://dx
8Veronese, M.V.;Guareschi, P. "Possibilidades solidárias e emancipatórias do trabalho: campo fértil para a prática da Psicologia Social Crítica" INTRODUÇÃO Neste artigo, partimos de um tema que tem sido muito caro à psicologia social crítica, a teorização sobre o trabalho; e parece indiscutível, tanto sob o ponto de vista de uma sociologia das práticas sociais, quanto de um ponto de vista psi, afirmar que o trabalho é espaço privilegiado de constituição do sujeito, entendendo este último como resultado de processos de construção simbólica de sentido.Os processos sempre relacionais que envolvem o trabalho, que o engendram e a partir dos quais se forjam outras relações e experiências, podem assumir configurações peculiares. Todas elas, entretanto, vão ser constitutivas da vida das coletividades que abrigam os sujeitos individuais -a consciência de si que chamamos de "eu" -e destes próprios, como alguém que age sobre o mundo para apreendê-lo. Portanto, pode-se entender muito sobre os modos de ser sujeito nas relações que engendram o trabalho, o qual assu-POSSIBILIDADES SOLIDÁRIAS E EMANCIPATÓRIAS DO TRABALHO: CAMPO FÉRTIL PARA A PRÁTICA DA PSICOLOGIA SOCIAL CRÍTICA Marília Veríssimo Veronese Universidade do Vale do Rio dos SinosPedrinho Guareschi Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul RESUMO: O artigo discute a inserção da psicologia social crítica no campo da economia solidária, como um espaço laboral passível de constituir modos singularizados de trabalhar. Para tanto, revisa brevemente os principais conceitos referentes ao trabalho associativo e solidário, relacionando-o com as questões da subjetividade e da contemporaneidade. Questiona as referências emancipatórias das ciências sociais críticas, em especial a psicologia, colocando a necessidade de cartografar novos mapas para trilhar o "labirinto" da contemporaneidade, com suas ambigüidades e possibilidades, ao analisar um registro empírico tomado do campo do cooperativismo em bases solidárias. Finaliza colocando em pauta uma agenda progressista para a psicologia, quando inserida nessa realidade específica do mundo do trabalho. Palavras-chave: Economia solidária, psicologia social, subjetividade. SOLIDARY AND EMANCIPATORY POSSIBILITIES OF LABOR: FERTILE FIELD FOR THE PRACTICE OF CRITICAL SOCIAL PSYCHOLOGYABSTRACT: The paper discusses the insertion of critical social psychology in the field of solidary economy, as a laboral setting able to constitute singularized ways of working. For that, it briefly reviews the field of associative and cooperative labor, relating it with the issues of subjectivity and contemporaneity. It questions the emancipatory references of critical social sciences, specially psychology, raising the need of the cartography of new maps to outline the labyrinth of contemporaneity, with its ambiguities and possibilities, analyzing an empirical register taken by the field of cooperative system based on solidarity. Finally, it raises the need of a progressist agenda for psychology, when inserted in this specific reality of the lab...
O Brasil tem registrado, nos últimos cinco anos, altos índices de desemprego, cujos efeitos refletem de forma contundente na sociedade. Nesse cenário, as mulheres estão entre os grupos mais vulneráveis. Assim sendo, este artigo tem como objetivo identificar características da experiência de mulheres desempregadas na região do Vale do Sinos - RS. Trata-se de uma pesquisa observacional, do tipo survey, de corte transversal, com amostra não probabilística. Como instrumento, foi utilizado um questionário biossociodemográfico, construído pelas autoras. Participaram da pesquisa 125 mulheres em situação de não trabalho, com idade média de 37 anos. Os dados foram analisados através de estatística descritiva e apontaram que: o motivo para 50,4% das entrevistadas estarem procurando trabalho é a redução do quadro de funcionários no emprego anterior; 48% das participantes sobrevivem com ajuda da família; 36% declararam que o desemprego foi responsável por algum problema de saúde; 58,4% consideraram seu nível de qualidade de vida ruim; e, em média, o tempo de procura de emprego entre as entrevistadas foi de 11 meses. Relatam vários problemas de saúde física e mental, concluindo-se que o desemprego tem afetado significativamente o bem-estar das mulheres na região. A situação involuntária de não trabalho se comunica com o sofrimento, ou seja, estar desempregado pode significar não só fragilidade econômica, mas igualmente física, social e mental. Salienta-se a urgente necessidade de investimento em políticas de emprego/geração de renda, com foco nas mulheres, na região do Vale do Rio dos Sinos.
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