Objetivo: Caracterizar e quantificar os incidentes de segurança relacionados a medicamentos notificados em um hospital especializado em oncologia, localizado em Porto Alegre, além de identificar o perfil dos pacientes mais acometidos por eles. Métodos: Estudo transversal, com coleta de dados retrospectiva. Foram analisadas notificações espontâneas de farmacovigilância, relacionadas a incidentes com medicamentos de 2018 a 2020, através de busca ativa no sistema institucional, por meio de documentos previamente confeccionados pelo serviço de farmácia e por prontuários eletrônicos. Foram excluídas as notificações que constavam em duplicidade. Os dados coletados foram agrupados em variáveis relacionadas aos incidentes notificados e às características do paciente, sendo realizada análise descritiva e realizado o teste de Qui-quadrado para verificar se existia associação entre frequências observadas dos anos do estudo (categorias) e a classificação das notificações de incidentes de segurança. Resultados: Foram analisadas 861 notificações, sendo 313, 327 e 221 referentes a 2020, 2019 2018, respectivamente. Incidentes com dano foram prevalentes, correspondendo a 87,3% (n=752) das ocorrências reportadas. As reações adversas a medicamentos (RAMs) associadas aos anos 2018 e 2019, relacionaram-se majoritariamente aos antineoplásicos. Houve uma diferença significativa entre as ocorrências dos incidentes relacionados a medicamentos ao longo dos anos. Quanto aos pacientes, a média de idade observada foi de 57,3 anos (± 14,1), com predomínio do sexo feminino e de neoplasias do sistema digestivo como o diagnóstico principal. Os antineoplásicos foram os medicamentos mais notificados, especialmente o paclitaxel. Conclusões: A ocorrência de incidentes com dano em centros de oncologia, especialmente RAMs é similar aos achados na literatura. Os resultados obtidos permitiram a descrição de problemas de segurança em um hospital brasileiro e poderão colaborar com o direcionamento de ações de farmacovigilância em serviços de saúde.