Exclusão-inclusão: circularidade perversa no Brasil contemporâneo

Abstract

O texto aborda as intencionalidades e os desdobramentos teóricos e políticos do uso do termo 'exclusão' e sua contraparte, a inclusão. Discute o estatuto conceitual da expressão 'exclusão social', sua vinculação com uma 'nova questão social' e conceitos como cidadania e pobreza. Aponta a potencialidade explicativa e transformadora da utilização do conceito de 'expropriações secundárias' para a reflexão acerca da diversidade de situações sociais contemporâneas que expressam a desigualdade estrutural do sistema capitalista. Busca situar o debate sobre questões que se articulam com a noção de exclusão social, como o fim da centralidade do trabalho, a nova morfologia da classe trabalhadora e a composição do exército de reserva. Conclui desdobrando questionamentos que atualizam a demanda de aprofundamento de categorias marxianas fundamentais.

Políticas de inclusão: a arte de governar a partir da liberdade

“…Ao falarmos de inclusão, é necessário considerarmos a exclusão, visto que só podemos falar no primeiro termo se houver o segundo. Fonseca (2014), discutindo a questão da inclusão/exclusão social, aponta que é preciso considerar ainda a ambiguidade e imprecisão desses termos, sendo que, quando associados à problemática da pobreza, são utilizados em contextos e situações bastante diversos, reunindo noções relativas à privação, carência, vulnerabilidade e estigmatização, entre outras. Assim, para a autora, inclusão e exclusão não constituem polos opostos, mas complementares, tratando-se de um círculo fechado que se autoalimenta.…”

“…A inclusão será uma forma de exercício de poder que opera por mecanismos de exclusão (Fonseca, 2014). Esta relação se dá pelo princípio de normalização, que encontrará em diferentes tecnologias suas formas de expressão: pedagogos, médicos, psicólogos, assistentes sociais etc.…”