ResumoO objeto de estudo é o Achatina fulica (Bowdich, 1822), uma espécie exótica introduzida no Brasil, frequentemente encontrada em ambientes antrópicos. Esse trabalho tem por objetivo verificar a ocorrência do caramujo africano (A. fulica) na área do Ministério da Agricultura, Várzea Grande/ MT, e investigar os conhecimentos da população sobre o molusco. Utilizou-se como metodologia a observação durante dois meses, entre 05h00min e 06h00min da manhã, horário de maior atividade do molusco, e foi aplicado um questionário composto por dez perguntas sobre o molusco aos residentes próximos da área de cultivo das hortaliças, e aos funcionários do órgão público. As espécies exóticas são capazes de ultrapassar barreiras à colonização, reprodução e dispersão impostas por ambientes estranhos e podem se tornar espécies invasoras, causando impactos aos ambientes invadidos, suas espécies nativas e/ou para as atividades humanas (SAMPAIO; SCHMIDT, 2014).No Brasil, um caso grave de espécie exótica é o do caramujo-gigante-africano, Achatina fulica Bowdich, 1822. O molusco está presente em quase todo o território brasileiro, seus hábitos generalistas e a alta eficiência reprodutiva facilitam sua ampla colonização em diversos ambientes COLLEY, 2009). A espécie é terrestre pulmonada originária do Nordeste da África, que se espalhou por praticamente todos os países tropicais e subtropicais COLLEY, 2004), atualmente considerado a segunda pior espécie invasora em escala global (SOBREPEÑA; DEMAYO, 2014).Este molusco foi introduzido ilegalmente, no Brasil, no final da década 1990 no Estado do Paraná, visando o cultivo para substituir o verdadeiro 'escargot' (TELES et al., 1997), com a promessa de lucro, estabelecendo o Brasil como principal fornecedor mundial desse produto COLLEY, 2005). Contudo, a inexistência de mercado consumidor e problemas de fiscalização levaram ao abandono dos moluscos por parte dos criadores, facilitando a fuga e dispersão da espécie FISCHER, 2010).No Brasil, indivíduos de A. fulica em vida livre não possuem predadores naturais e o seu hábito alimentar os torna uma espécie voraz (consome 10% do seu peso por dia), podendo se alimentar de cerca de 500 tipos de plantas, representando uma praga agrícola, potencialmente, causando destruições e danos às plantações em geral (TELES;FONTES, 2002).