INTRODUÇÃOA educação de adultos pode ser um fator de desenvolvimento local, de mudança social, pode contribuir para a integração social dos mais desfavorecidos (CANÁRIO, 1999; LOUREIRO, 2008; MELO, 2008; UNESCO, 2010). No entanto, muitas das suas oferta educativas, sobretudo as de âmbito escolar, ou seja, as referentes à educação compensatória, e também as de âmbito profissional, isto é as que se organizam tendo por pano de fundo o mercado de trabalho, assentam em modelos que se afastam claramente dos adultos que procuram e frequentam tais ações educativas (LOUREIRO, 2012).Aqui interessa-nos discutir as ofertas educativas de adultos escolares e, na verdade, estas organizam-se, planificam-se e executam-se, muitas vezes, através de metodologias e práticas baseadas em modelos construídos de cima para baixo, uniformes, rígidos, hierarquizados e totalmente afastados da cultura e da vivência dos adultos. Ora, quando assim é e quando um dos principais intervenientes no processo educativo e formativo dos adultos, os educadores, os formadores, os professores, se limitam a reproduzir nos espaços de prática educativa (sala de aula de uma escola, salas de associações, ou outros espaços) os conhecimentos selecionados e organizados a nível central, os processos de educação escolar de adultos arriscam-se a ser fatores de reprodução social, não se tornando verdadeiros mobilizadores de mudança e de igualdade social (LOUREIRO & CRISTÓVÃO, 2010).Mas não tem de ser assim, os processos de educação escolar de adultos não têm que ocorrer desta forma, eles podem e devem ter em conta o que está para lá dos muros da escola, o que faz parte da vida quotidiana dos adultos, tal como defendeu e fez Paulo Freire (1975), entre outros (FLECHA, 1997).