O eu no nós: reconhecimento como força motriz de grupos

Abstract

Neste texto, analisam-se o conceito de grupo e suas manifestações, buscando contrapor às perspectivas categoriais da psicanálise e da teoria sociológica, consideradas incompletas em razão de estilizações unilaterais que impedem uma conexão conceitual básica entre as duas disciplinas, uma terminologia que, de partida, seja neutra frente às alternativas positiva e negativa de inserção do eu no grupo. Para tanto, o grupo, independentemente de seu tamanho e tipo, inicialmente deve ser compreendido como um mecanismo social fundado na necessidade ou no interesse psíquico do indivíduo, porque o auxilia na estabilidade e ampliação pessoais. O artigo descreve, em linhas gerais, o arcabouço categorial unificado, recorrendo ao conceito do reconhecimento. Num primeiro passo, apresenta-se brevemente a premissa de que a dependência individual de experiências de reconhecimento social explica por que o sujeito individualmente aspira a ser membro em diferentes modelos de agrupamentos sociais. Num segundo passo, tenta-se corrigir a imagem idealizada de grupo anteriormente introduzida, ao tematizar as tendências regressivas que frequentemente codeterminam a vivência no grupo. Por fim, segue-se a ideia de retirar gradativamente aquelas idealizações que estavam na base da premissa inicial de uma diluição harmônica do eu no nós do grupo.

Graffiti e subcultura delinquente: similaridades e diferenças

“…Dessa forma, haveria um entrelaçamento entre individualização e socialização que por si só indicaria a importância dos grupos sociais no amadurecimento do indivíduo. Para manter e desenvolver as formas de autorrelação, o sujeito necessita participar de grupos em que a experiência de ser considerado importante seja renovada constantemente (Honneth, 2013). Desenvolvendo a teoria de Honneth, Roselfield e Saavedra apresentam os grupos sociais como comunidades culturais de valores e tradições comuns, cuja participação nelas favorece a construção de uma identidade individual e dos elementos constitutivos de uma autorrelação positiva apontados por Honneth.…”

Você consegue ver o meu eu verdadeiro?: Identidade, relações grupais e conflitos geracionais no filme “Quadrophenia”

“…Associada à rebeldia juvenil estão a identificação grupal e consequentes sensações de pertencimento, reconhecimento e segurança psíquica e, até mesmo, física geradas/proporcionadas por essa (Honneth, 2013). Sendo que, através das sensações decorrentes da identificação com grupo, as ideias e comportamentos de contraposição à realidade vigente que, segundo tal perspectiva, foram impostas previamente pelos "velhos", parecem ser mais facilmente demonstradas e assumidas.…”

“…do universo e do modo de ser mod, o que, em outros termos, aponta em como se dá o processo de construção identitária do indivíduo frente aos laços e relações estabelecidas com o grupo juvenil com o qual se identifica, se insere e se integra. Salientado que, conforme Honneth (2013) reflete, o grupo não representa necessariamente uma ameaça à individualidade, isto apenas se justificaria nos casos em que a identificação grupal desemboca em uma total dissolução da personalidade individual no grupo.…”

Corpo e reconhecimento: narrativas sobre experiencias em um grupo de dança

“…O desejo e a necessidade de pertencimento atingem níveis inconscientes, afirma Honneth (2013). Háuma camada profunda no desejo de reconhecimento que estáalém do controle dos sujeitos.…”

“…Háuma camada profunda no desejo de reconhecimento que estáalém do controle dos sujeitos. Por isso, completa o autor, o ser humano preserva, atéa idade adulta, o impulso de esporadicamente recair no estado da fusão, onde pode sentir que não estáseparado dos outros sujeitos (Honneth, 2013). Nas palavras do autor: "o ser humano manterápor toda a sua vida a tendência de se refugiar ocasionalmente atrás dos limites do eu jáalcançados para poder suportar a crescente distância do estado original da simbiose" (Honneth, 2013, p.71).…”