A marcha do "capitalismo universitário" no Brasil nos anos 1990

Abstract

O seguinte artigo analisa a consolidação dos modelos de "fábrica de conhecimentos" e de "capitalismo universitário" no Brasil na década de 1990, sob a égide da crítica neoliberal à gestão pública da educação pós-secundária. Após uma breve menção a esses modelos, discute o crescimento das instituições de ensino superior privado organizadas como empresas lucrativas e a redefinição institucional da universidade pública, que se aproxima do modelo de gestão daquelas instituições. Em sua conclusão, nota-se que um dos maiores danos provocados pela disseminação das práticas derivadas daqueles modelos é a lenta corrosão do papel de referente cultural da Universidade; e são apontados temas para futuras pesquisas.

The university-industry relationship under diferent approaches: the entrepreneurial university to academic capitalism

“…De forma mais específica, uma das recomendações voltadas às IESs diz respeito à inserção de critérios de eficiência econômica nas políticas de educação superior, pois o financiamento da educação superior pode ser um luxo muito dispendioso (MARTINS, 2008). Nesse sentido, os países de capitalismo periférico "enfatizam a necessidade da adoção de princípios e práticas privado-mercantis, com a proliferação de matrículas e instituições privadas e ainda a transposição de mecanismos empresariais para a esfera pública" (GUIMARÃES, 2013, p. 2).…”

“…O ritmo intenso de mudanças provoca, dentre outras coisas, um modelo organizacional voltado à produtividade, em detrimento da possibilidade de reação reflexiva sobre os impactos negativos que essa mesma globalização provoca no trabalho intelectual (RODRIGUES; GREGO; ROMANATTO, 2010). Dessa forma, perde-se capacidade de formação crítica e também o papel cultural da universidade (MARTINS, 2008).…”

Inteligência estratégica em instituições de ensino superior

“…Ações baseadas em fortes campanhas de marketing e de comunicação, com investimentos em diferentes tipos de mídias, bem como decisões de redução nos valores das mensalidades, orientadas às classes sociais D e E, têm sido cada vez mais presentes no setor do ensino superior (BRAGA; PEIXOTO; BOGUTCHI, 2001;MARTINS, 2008). Muitas são as reflexões sobre o posicionamento estratégico adotado pelas IES e sobre a qualificação do ensino superior como um todo, nesse contexto.…”

Dimensões Metodológicas e Analíticas da Extensão Universitária

“…For example, one can point to the conflict between two conceptions -stylized here -about the function of the university and its social commitment: that of education as a public right focused on citizenship, democracy and critical thinking versus privatized and segmented education, focused on profit and strongly oriented by market needs (Martins, 2008;Leher, 2004;Marques, 2013;Minto, 2014). This conflict is expressed in the tensions over the extent to which education and the production of knowledge should focus on the market demands guided by a more unstable and flexible working world, directed mainly to the competitiveness and economic growth of companies (Dias Sobrinho, 2014;Dagnino, 2015); or if teaching, science and extension should prepare individuals and produce knowledge, even if able to perform their productive functions, to act critically and reflexively in the face of social problems (Dias Sobrinho, 2014;Dagnino, 2015).…”