Riscos, saúde e justiça ambiental: o protagonismo das populações atingidas na produção de conhecimento

Abstract

É discutida a participação das comunidades em situações de injustiça ambiental na produção de conhecimentos, as quais são decorrentes de desigualdades e de discriminações na distribuição de riscos e benefícios do desenvolvimento econômico. São destacados os limites epistemológicos e políticos para a produção de conhecimentos e de alternativas que possibilitem o avanço na construção de sociedades mais justas e sustentáveis. A partir de uma visão ampliada de saúde são discutidos os limites das abordagens científicas em reconhecer a importância do saber local, seja para analisar riscos ambientais ou seus efeitos à saúde, incluindo os estudos epidemiológicos. Tais limites relacionam-se basicamente ao ocultamento de conflitos e incertezas, à falta de contextualização da exposição aos riscos e efeitos sobre a saúde, assim como às dificuldades de diálogo com as comunidades. O artigo apresenta ainda contribuições e avanços decorrentes de movimentos por justiça ambiental. Concluiu-se que uma perspectiva construtivista, processual e democrática de confrontação de saberes e práticas poderá orientar a produção científica em prol da justiça ambiental.

Escolares residentes em área impactada por aterro sanitário e seu conhecimento sobre poluição

“…Os problemas ambientais estão interligados aos problemas de saúde e precisam ser trabalhados de forma integrada e na sua totalidade para auxiliarem na busca de soluções dos desafios atuais relacionados à saúde ambiental 32,33 . Os temas referentes ao ambiente que ganharam destaque nas respostas dos adolescentes ao descreverem o que entendem como fontes de poluição evidenciam que assuntos relacionados ao ambiente estão em destaque entre o conhecimento dos escolares, pois estes assuntos são trabalhados nas disciplinas de Ciências e Biologia 29 .…”

“…Na análise dos escolares, como sendo moradores de uma área exposta aos riscos ambientais provenientes de um depósito inadequado de resíduos sólidos, nota-se que estão inseridos num território vulnerável aos riscos, ocorrendo à subestimação destes devido aos modos degradados de produção, que, por vezes, desconsideram medidas de prevenção em prol do crescimento econômico. Não é incomum a presença de territórios que abarcam em seu contexto situações que trazem risco à saúde da população 11,33 . Comunidades brasileiras como a que foi estudada passam por situações semelhantes.…”

Environmental health and nursing: implementation of educational workshops with employees of general services

“…Polluting the environment means causing damage to the soil, air and water. This negatively impact on the health with the depletion of natural resources, the advance of poverty, the imbalance of ecosystems, diseases caused by contaminated food, water and air [7]. Dissatisfaction with the scenario experienced by the subjects reflected in the lack of maintenance of healthy and clean spaces, preservation of natural environments, production and consumption of healthy food, proper disposal of waste, recycling, among others.…”

Transforming knowledge creation for environmental and epistemic justice

“…Examples include the co-production of alternative data on health impacts to challenge the manufactured uncertainty produced by the state or companies [67,68 ]. Through these processes, impacted communities transform from 'vulnerabilized' to collective subjects, bringing about an innovative sense of political participation and re-invigorating political imaginaries [69]. It can be said that this dialectical relationship between EJ theory and praxis constitutes the basis of its empirical and theoretical richness as well as its demonstrated impact beyond the academy.…”