Do ponto de vista do “crime”: notas de um trabalho de campo com “ladrões”

Coexisting Normative Regimes, Conflict and Urban Inequalities in a Brazilian Favela

“…For the logic of crime to transcend those who are directly part of its ‘world’ and organise relations in communities more generally, it has to represent a minimally validated morality. This emerges from the everyday construction of systems for defining what is right and wrong, just and unjust, in which crime plays an important role (Marques 2016; Beraldo 2020, 2021b). These systems may also, in many cases, create a greater sense of predictability for those living in favelas than is provided by state institutions (Machado da Silva & Leite 2007).…”

Estado e PCC na pandemia: convergências e divergências na proposição de medidas de saúde e segurança pública nas prisões

“…13 No ano de 1993, menos de um ano depois da tragédia do Carandiru, durante uma rebelião no Centro de Reabilitação Penitenciária, anexo à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, em São Paulo, o PCC começou a tomar forma como uma organização que visava à proteção entre os presos e o "combate à opressão carcerária" (DIAS, 2011;FELTRAN, 2018;BIONDI, 2010BIONDI, , 2014. 14 O grupo reivindicava o enfrentamento às injustiças por meio da ideia de "paz entre os ladrões, e guerra contra o sistema" (BIONDI, 2010(BIONDI, , 2014DIAS, 2011;FELTRAN, 2018;MARQUES, 2010MARQUES, , 2016.…”

“…Com o passar dos anos e com o enorme contingente de egressos do sistema prisional decorrente do encarceramento massivo (SINHORETTO et al, 2013), o PCC -cujo acesso a recursos letais era nada desprezível -passou a atuar também nas periferias urbanas, em um processo que teve como maior marco os enfrentamentos migo" já não está mais circunscrito à "opressão carcerária", mas se expande e passa a abarcar os muitos processos de exclusão a que estão submetidos os pobres urbanos (setores da população que são alvo preferencial das políticas de encarceramento), desde as dificuldades em conseguirem ingressar no mercado de trabalho, passando pela violência policial e pelo preconceito advindo das classes mais abastadas. Contra isso tudo se posiciona o PCC, muitas vezes chamado simplesmente de "crime" (MARQUES, 2009(MARQUES, , 2010(MARQUES, , 2016.…”

“CORRO COM O PCC”, “CORRO COM O CV”, “SOU DO CRIME” Facções, sistema socioeducativo e os governos do ilícito em Alagoas

“…Vingança, honra e virilidade se destacavam nos repertórios de valores dos adolescentes (Drybread, 2014) a partir dos quais resolviam os conflitos entre si. Não reivindicavam normas, no sentido de ritualizarem a exigência de punição com base em critérios de "certo" em tribunais informais e "debates" (Biondi, 2018;Dias, 2009;Feltran, 2010a;Marques, 2016).…”

“…Tal como o CV, fonte de inspiração para os paulistas, o PCC se formou como uma rede de apoio e proteção entre presos e seus familiares, galvanizada por ideias e práticas de combate a injustiças cometidas por agentes do sistema carcerário e do judiciário, durante a redemocratização. O PCC, na medida em que ampliou seu poder de controle de mercados de bens roubados, drogas e armas, tornou-se símbolo de novas maneiras de se fazer negócios, de projetos de melhoria de vida (Marques, 2016), além de oferta de serviços de justiça e proteção entre aliados e populações em regiões periféricas (Biondi, 2018 10 Sobre o programa Brasil Mais Seguro e suas implicações no sistema de justiça, ver A. V. C. da Silva (2017).…”