ResumoO objetivo deste trabalho foi analisar as formas alternativas de ações esportivas realizadas por um grupo de jovens que pretendem contrariar visões reducionistas do esporte relacionadas ao capitalismo contemporâ-neo e, assim, apresentam sua visão crítica do sistema através da intervenção urbana esportiva. A pesquisa utilizou como metodologia qualitativa o estudo de caso etnográfi co, empregando os instrumentos de coleta de dados: observação participante, entrevista individual e de grupo e análise de documentos. Visto que o esporte nos fornece possibilidades estéticas em diferentes dimensões, e não apenas aquela consumível pelo mercado, nós podemos pensá-lo como uma manifestação cultural cuja singularidade não está confi nada apenas na indústria do entretenimento esportivo.PALAVRAS-CHAVE: Cultura; Estudo de caso; Esporte; Espaço público.Na infância, o movimento para a criança é um aprendizado constante motivado por suas potencialidades biológicas e pelos estímulos fornecidos pelos que a cercam. A criança aprende a cultura na qual está imersa, experimentando, brincando criativamente com tudo que lhe é permitido. À medida que cresce, sua criatividade vai ora sendo cerceada, ora sendo estimulada, mas nos parece que o contexto vai moldando o ser humano.A cultura para G 1 é compreendida como a própria condição de vida de todos os seres humanos, produto das ações, como um processo contínuo pelo qual as pessoas dão sentido às suas realizações. Ela é universal porque todos os seres humanos produzem, mas é também local, uma vez que é a dinâmica especí ca de vida que signi ca o que o ser humano faz, constituindo-se em processo singular e privado, mas também plural e público. Neste sentido, D 2 a rma que a cultura ocorre na mediação entre os indivíduos, onde se manipulam padrões de signicados que fazem sentido num contexto especí co.Na década de 80 o debate acadêmico na área da Educação Física era predominantemente das ciências biológicas. O corpo era visto somente como um conglomerado de ossos e músculos e não como expressão da cultura. Considerando o corpo como uma má-quina passível de intervenção técnica, priorizava-se a dimensão da e ciência, perdendo a possibilidade de observá-lo como produtor e expressão de cultura, o que levou ao distanciamento dos universos simbóli-cos, estéticos e subjetivos 2 . Ao ampliar e validar mais essa discussão acerca da cultura e das manifestações que as envolvem o autor é peremptório:Tenho afirmado em outros trabalhos que 'cultura' é o principal conceito da educação física, porque todas as manifestações culturais humanas são geradas na dinâmica cultural, desde os primórdios da evolução até hoje, expressando-se diversificadamente e com significados próprios no contexto de grupos culturais específicos. O profissional de Educação Física não atua sobre o corpo ou com o movimento em si; não trabalha com o esporte em si; não lida com a ginástica em si. Ele trata do ser humano nas suas manifestações culturais relacionadas ao corpo e ao movimento humano [...] 2 (p.2).